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A visão sombria de berserk sobre a natureza humana e seus abismos

A obra de Kentaro Miura expande seu escopo além da fantasia, apresentando uma profunda e muitas vezes brutal análise da humanidade.

Analista de Mangá Shounen
27/10/2025 às 12:00
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A saga de Berserk, criada pelo falecido mestre Kentaro Miura, transcende o rótulo de fantasia sombria de ação, firmando-se como um estudo filosófico intenso sobre a essência da humanidade. A narrativa não se contenta em explorar monstros e batalhas épicas; ela mergulha profundamente nas motivações mais escuras e nos paradoxos morais que definem o ser humano.

Desde o início, a obra estabelece um contraste agudo entre a brutalidade inerente e a capacidade de empatia. A jornada de Guts, o espadachim negro, é o espelho dessa dualidade. Em um mundo onde a ambição e o medo ditam as regras, a série explora como a sociedade tenta se justificar diante do caos e da dor infligida por seus próprios membros.

A Ambição e o Sacrifício

Um dos pilares da crítica social em Berserk reside na exploração desenfreada da ambição. Personagens como Griffith exemplificam como o desejo de poder absoluto pode levar à completa desumanização. A busca por um sonho, glorificada em muitas narrativas, é aqui dissecada, revelando o custo terrível que a ascensão social e o desejo de controle impõem sobre os indivíduos e as massas. O conceito de sacrifício, frequentemente romantizado, assume em Berserk uma conotação grotesca, forçando o leitor a confrontar o que realmente se está disposto a perder em nome de uma meta grandiosa.

Essa crítica atinge também as estruturas de poder, mostrando como a fé cega em líderes carismáticos pode ser facilmente manipulada, um eco das tiranias históricas. A exploração dos Apóstolos e da Mão de Deus sugere que os maiores horrores não vêm necessariamente de forças sobrenaturais, mas sim da corrupção moral que se aloja no coração humano quando livre de restrições éticas.

A Luta pela Identidade no Caos

Apesar do cenário desolador, a obra também celebra os pequenos focos de resistência e humanidade. A amizade, o amor e a perseverança de personagens secundários - como Puck ou Casca, em seus momentos de lucidez - servem como contraponto essencial à escuridão avassaladora. Berserk sugere que a verdadeira força não reside apenas na capacidade de combate, mas na resiliência de manter a própria humanidade intacta, mesmo quando o mundo exige o contrário.

A visão de Miura sobre a humanidade, portanto, é niilista em sua exposição das falhas, mas paradoxalmente otimista em sua celebração das conexões genuínas. Ela questiona se o homem é inerentemente bom, malvado ou simplesmente uma criatura em constante luta para definir seu próprio significado entre o fardo do destino e a liberdade de escolha. A complexidade apresentada ressoa profundamente com as ansiedades contemporâneas sobre ética e sobrevivência em ambientes hostis.

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#Mangá #Reddit #Berserk #Filosofia #Humanidade

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.

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