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A maré do destino e a regra de ouro do universo em berserk: Uma análise da filosofia de griffith

A filosofia de Griffith sobre o destino em Berserk explora como a força maior molda ações, transcendendo a moralidade pessoal e humana.

Analista de Mangá Shounen
06/11/2025 às 08:20
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Uma das interpretações mais profundas sobre a cosmologia apresentada na obra Berserk, do falecido Kentaro Miura, reside na concepção da Tide of Fate (Maré do Destino) e na Golden Rule of the Universe (Regra de Ouro do Universo). Essa estrutura filosófica sugere que certas figuras são guiadas, ou até mesmo são encarnações, de forças cósmicas inerentes à realidade ficcional.

De acordo com essa perspectiva, a Regra de Ouro do Universo é esse imenso fluxo do destino. O conceito de True Elite (Verdadeira Elite) surge, então, como aqueles indivíduos capazes de influenciar ou moldar essa maré. Personagens como reis e nobres são vistos como possuidores de pequenas ondulações dentro dessa correnteza maior, mas permanecem fundamentalmente à mercê da Regra de Ouro.

A despersonalização da ação

O ponto central dessa visão é a justificação, ou, mais precisamente, a despersonalização de atos que seriam considerados imorais sob um prisma humano comum. Se as ações de certos protagonistas, notavelmente Griffith, são vistas como consequências diretas dessa maré que eles carregam, a responsabilidade individual é mitigada. Eles deixam de ser vistos como meros indivíduos com escolhas autônomas e passam a ser encarados como forças da natureza, eventos inevitáveis.

Essa interpretação argumenta que tais seres operam fora do escopo da moralidade tradicional. A questão que se coloca diante deles não é se suas decisões são eticamente corretas ou ótimas no sentido humano, mas sim se possuem a força necessária para confrontar o destino que os impele e, ainda assim, sobreviver às circunstâncias inevitáveis que lhes são impostas. A luta se torna existencial, contra a própria estrutura do cosmos, e não contra um código de conduta social.

Griffith além da nobreza

Mesmo antes de eventos cruciais como o Eclipse, a natureza de Griffith - impulsionada por essa força maior - fica evidente para observadores atentos. A análise sugere que a imagem de nobreza ou beleza que o cerca é superficial, servindo apenas como fachada para uma entidade que é, essencialmente, um agente do destino. Não há espaço para negociação lógica ou apelo racional a quem se percebe como parte integrante de um mecanismo inevitável.

Essa matriz conceitual esclarece por que certos personagens parecem operar em um plano onde as normas humanas de bem e mal se tornam irrelevantes, focando exclusivamente na capacidade de resistir ou se curvar diante da força avassaladora que dita o curso da existência dentro daquele universo. É uma investigação sobre o livre arbítrio versus o determinismo cósmico, usando o destino como o principal vetor narrativo e moral da história.

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Tags:

#Berserk #Guts #Griffith #Destino #Tide of Fate

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.

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