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Análise de trauma narrativo: Por que o casamento vermelho e o eclipse reverberam de formas distintas

Comparação de dois dos momentos mais chocantes da ficção, focando na percepção de previsibilidade e investimento emocional do público.

Analista de Mangá Shounen
24/12/2025 às 07:40
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Dois eventos brutais na cultura pop, o Casamento Vermelho de Game of Thrones e o Eclipse de Berserk, são frequentemente citados como picos de trauma narrativo para os fãs. No entanto, a intensidade do choque e o impacto residual desses momentos podem variar drasticamente dependendo da estrutura narrativa subjacente e da relação estabelecida com os protagonistas.

A diferença crucial percebida reside na própria natureza da condução da história. Enquanto Game of Thrones, baseada na obra de George R. R. Martin, opera em um universo onde praticamente ninguém está seguro, a narrativa de Berserk, criada por Kentaro Miura, historicamente centraliza a sobrevivência de seu protagonista, Guts.

A ilusão da segurança

No Casamento Vermelho, o público é levado a acreditar, mesmo que momentaneamente, que certos personagens centrais como Robb Stark e Catelyn Stark estão arquitetando sua vitória ou, pelo menos, sua sobrevivência imediata. A traição ocorre de maneira abrupta e desesperadora, quebrando a expectativa de que a honra ou a inteligência tática prevaleceriam. A ausência de um protagonista único e inabalável no universo de Westeros permite esse tipo de carnificina indiscriminada.

Em contrapartida, a experiência diante do Eclipse é diferente. Embora este evento do mangá Berserk seja indubitavelmente mais gráfico e visceral em suas consequências para o elenco de apoio, a sensação de inevitabilidade sombria já estava presente. Leitores e espectadores frequentemente relatam ter sentido a pressão aumentando, uma lenta e opressiva sensação de que algo terrível estava prestes a irromper, mesmo que os detalhes fossem desconhecidos.

A previsibilidade versus a surpresa

A percepção de que Guts, o espadachim negro, é a âncora da história cria uma camada de segurança emocional. Mesmo sob as circunstâncias mais hediondas, a audiência se agarra à certeza de que a jornada do personagem principal continuará, mesmo que mutilado ou traumatizado. Essa crença na sobrevivência do protagonista atenua o impacto do choque imediato, transformando o evento em um marco de sofrimento reconhecível, mas não em uma aniquilação total.

O Casamento Vermelho, por outro lado, capitaliza sobre a desorientação, eliminando figuras-chave em um piscar de olhos narrativo. A súbita aniquilação de figuras centrais em meio a uma celebração é um golpe que atinge a estrutura de poder da história de forma mais inesperada do que a descida ao horror cósmico enfrentada por Guts e a Banda do Falcão. A eficácia de cada cena de massacre reside, portanto, na forma como subverte a expectativa de permanência que cada série estabeleceu para seus personagens mais proeminentes.

Esses momentos icônicos são estudados não apenas por sua violência explícita, mas por como manipulam habilmente a confiança depositada nos roteiros e nos personagens que acompanhamos por longos períodos, definindo a longevidade de ambos os universos de fantasia.

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Tags:

#Guts #Eclipse Berserk #Game of Thrones #Casamento Vermelho #Comparação Narrativa

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.

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