Busca por representatividade queer autêntica impulsiona análise de mercado de animes e mangás

O cenário de mídia japonesa, especificamente animes e mangás, enfrenta um escrutínio crescente em relação à representação da comunidade LGBTQIA+. Observadores assíduos apontam que, embora a quantidade de personagens queer tenha melhorado em comparação com décadas passadas, a qualidade e a autenticidade da escrita continuam sendo um ponto de preocupação.

Historicamente, as poucas vezes que personagens não heteronormativos apareciam, o tratamento frequentemente caía em dois extremos problemáticos. De um lado, existia a representação caricatural e muitas vezes fetichizada, comum em alguns títulos Boys Love (BL). De outro, personagens coadjuvantes que serviam apenas como alívio cômico ou tinham papéis extremamente limitados em obras mais populares.

A sensação de perspectiva cisgênero heterossexual

A análise crítica sugere que, mesmo em produções recentes onde a diversidade é mais presente, há uma impressão persistente de que essas narrativas são escritas primariamente sob uma ótica cishet (cisgênero heterossexual), sem a profundidade que advém da experiência vivida.

Algumas obras conseguiram se destacar positivamente nesse panorama, sendo elogiadas por abordar temas LGBTQIA+ com mais sensibilidade. Mangás como Our Dreams at Dusk e I Think Our Son Is Gay, e o anime Stars Align (também conhecido como Hoshiai no Sora), são frequentemente citados como exemplos de progresso. No entanto, mesmo estes, que recebem reconhecimento, são vistos por alguns como quase um material introdutório, servindo como um "Queer 101" para uma audiência majoritariamente não-queer.

Procura por vozes internas na produção

A busca atual se concentra em encontrar produções que sejam intrinsecamente desenvolvidas por criadores que pertencem à comunidade ou que tenham essa audiência como foco central. Este desejo reflete uma maturidade no consumo de mídia, onde a autenticidade da voz narrativa é priorizada sobre a mera inclusão de um personagem.

Reconhece-se o contexto cultural no Japão, onde a aceitação e a abertura em relação a temas LGBTQIA+ podem variar significativamente em comparação com o Ocidente. Contudo, a expectativa é que existam narrativas mais subversivas ou alternativas, talvez menos expostas ao mercado de massa, que forneçam a representação verdadeira que a comunidade busca.

Essa tendência de valorizar a autoria queer não se restringe apenas ao Japão, mas reflete um movimento global onde audiências buscam conteúdo que ressoe diretamente com suas vivências e identidades, elevando o padrão para a qualidade da representação em todos os gêneros de animação e quadrinhos.