A ambiguidade do destino de michikatsu: Yoriichi comunicou a família sobre a transformação demoníaca?

A jornada trágica de Michikatsu, que se tornou o Lua Superior Um, Kokushibo, é um dos pilares centrais do universo de Kimetsu no Yaiba. Um ponto de profunda especulação entre os aficionados da obra reside na postura de seu irmão gêmeo, Yoriichi Tsugikuni, em relação ao destino de Michikatsu após sua transformação em um demônio.

A questão fundamental que emerge dessa narrativa densa é se Yoriichi alguma vez procurou a família remanescente de Michikatsu para informar sobre a terrível metamorfose que seu parente sofreu. Dada a natureza oculta da organização dos Caçadores de Demônios e o sigilo que envolvia os seres transformados, a resposta não é evidente no cânone estabelecido, abrindo espaço para análise sobre as responsabilidades e o sofrimento de Yoriichi.

O peso do conhecimento de Yoriichi

Yoriichi, o lendário espadachim que nasceu com a Marca do Caçador, era o único em vida que compreendia profundamente a genialidade e, subsequentemente, os tormentos internos de Michikatsu. Após a perda de sua esposa e filha, Michikatsu já demonstrava uma profunda insegurança profissional e uma inveja velada do poder inato de Yoriichi.

Quando Michikatsu finalmente sucumbiu à tentação e se tornou Kokushibo sob o comando de Muzan Kibutsuji, Yoriichi já estava muito avançado em sua vida, carregando o fardo de ter assistido ao colapso moral de seu irmão. A decisão de Yoriichi de se isolar e, posteriormente, a sua própria morte, são eventos marcados por um silêncio profundo sobre o paradeiro ou a sorte de Michikatsu.

Implicações familiares e o luto oculto

A família direta de Michikatsu, que residia separadamente devido à natureza de seu status como um samurai, dependia de informações sobre os membros ausentes. No contexto da narrativa, a ausência de Michikatsu era, inicialmente, atribuída a um afastamento ou serviço militar prolongado. Informar os parentes sobre uma transformação demoníaca representaria não apenas um choque inimaginável, mas também um risco de exposição para a família, dada a caçada implacável aos demônios.

É plausível supor que Yoriichi priorizou a segurança da memória familiar e, talvez, a sua própria integridade como Caçador de Demônios. Revelar que um membro da linhagem Tsugikuni se tornou o inimigo supremo seria manchar permanentemente o legado familiar, algo que Yoriichi, que lutava para proteger a honra e a vida humana, poderia ter evitado ativamente. O silêncio pode ser interpretado como um ato final de misericórdia ou, mais pragmaticamente, como uma necessidade imposta pelas regras estritas da sociedade da Era Taishō.

A história de Yoriichi e Kokushibo é um estudo de contrastes entre a luz e a escuridão, onde a verdade, mesmo que dolorosa, permaneceu confinada aos dois irmãos. O destino da família, que provavelmente nunca soube a verdade completa sobre a escuridão que consumiu Michikatsu, permanece um eco sutil no fundo da grande guerra contra Muzan, conforme detalhado na obra de Koyoharu Gotoge.