A viabilidade do conceito de contrapartidas sombrias em animes como naruto e boruto
A ideia de introduzir vilões espelhados, como um Naruto maligno, levanta questões sobre a narrativa em universos de longa data.
O universo de Naruto, e sua continuação, Boruto, sempre se baseou em temas de destino, rivalidade e a dualidade entre luz e sombra. Uma discussão recente aponta para a viabilidade narrativa de introduzir 'contrapartidas' malignas para personagens centrais, um recurso estilístico explorado com sucesso em outras grandes franquias de entretenimento.
O conceito central gira em torno da criação de um alter ego sombrio, um sósia ou versão alternativa do herói, que funciona como um antagonista direto. Exemplos notáveis incluem Diego Brando, uma inversão de Dio Brando, em JoJo's Bizarre Adventure, ou a figura de Goku Black, a contraparte maligna do protagonista em Dragon Ball Super. Ambas as iterações foram bem recebidas pelo público, sugerindo que o arquétipo tem apelo dramático.
O caso de um 'Naruto Maligno'
A principal questão levantada é se um personagem como Menma Uzumaki, frequentemente imaginado como um Naruto corrompido ou maligno, se encaixaria de forma orgânica na tradição ninja estabelecida por Masashi Kishimoto. Em séries como Naruto, o trauma e o isolamento são transformados em força motivacional, como visto na própria jornada de Sasuke Uchiha e, inicialmente, no próprio Naruto.
Um Naruto maligno exploraria o caminho que o protagonista optou por rejeitar. Isso poderia oferecer um espelho temático poderoso, questionando a eficácia da sua filosofia de paz e redenção. A presença de tal figura forçaria o protagonista a confrontar não apenas um inimigo poderoso, mas suas próprias falhas potenciais e os caminhos que a escuridão poderia ter tomado.
Precedentes no próprio Shonen
Embora o conceito de contrapartida direta não seja um pilar clássico da mitologia de Naruto, elementos análogos já foram explorados na série. Um exemplo citado é a existência de Kashin Koji, uma clonagem de Jiraiya, que revelou uma complexa rede de manipulações e identidades secretas no enredo de Boruto. A aceitação desse personagem sugere que o público não é avesso a figuras com origens ligadas aos heróis, desde que a execução seja justificada pela trama.
A diferença, contudo, reside na natureza da ameaça. Enquanto Kashin Koji surgiu de uma estratégia oculta, uma Menma exigiria uma ruptura mais profunda com a identidade central do herói, talvez envolvendo dimensões alternativas ou manipulações de poder divino, como as vistas na Ōtsutsuki Clan.
A incorporação bem-sucedida de um antagonista espelho transformaria a dinâmica das lutas, adicionando uma camada psicológica intensa. A aceitação ou rejeição final dependeria crucialmente de como o roteiro justificaria a existência desse ‘outro lado’ de Naruto, garantindo que não parecesse apenas uma cópia superficial de arquétipos já utilizados em outras obras de ficção.