Análise da trilha sonora de one-punch man: O uso recorrente do tema de boros gera questionamentos sobre originalidade

A sonoridade de One-Punch Man sempre foi um ponto de destaque na adaptação animada do mangá de sucesso. A trilha sonora épica, responsável por elevar o impacto visual de combates brutais, demonstrou uma capacidade notável de criar identidade sonora para seus personagens mais poderosos. Contudo, o trabalho musical recente tem provocado um debate acalorado focado na reutilização de temas já estabelecidos, especificamente a marcha associada ao vilão Lorde Boros, introduzido na primeira temporada.

O uso da música associada ao Comandante da Frota de Invasão Alienígena parece ter se tornado uma muleta composicional na recente fase da animação. Em vez de desenvolver novos arranjos ou melodias exclusivas para introduzir novos antagonistas de alto nível ou momentos de clímax intenso, há uma preferência evidente por reciclar a faixa que marcava a presença imponente de Boros.

O peso da identidade musical

A música que acompanhou a batalha entre Saitama e Boros estabeleceu um padrão altíssimo. Era uma faixa que encapsulava a ameaça cósmica e a superioridade esmagadora do vilão, misturando elementos orquestrais grandiosos com batidas eletrônicas agressivas. Quando um tema se torna tão intrinsecamente ligado a um momento narrativo específico, sua repetição excessiva em contextos diferentes pode diluir seu significado original. A excitação gerada pela primeira audição se transforma em familiaridade, e potencialmente, em previsibilidade.

Essa prática levanta a questão sobre a pressão criativa enfrentada pela equipe de produção musical da animação. A criação de trilhas sonoras originais para um universo com um elenco crescente de vilões de classe Dragão exige um esforço significativo de composição. A tentação de recorrer a um tema já comprovado como eficaz, garantindo assim um impacto imediato na audiência, é compreensível sob prazos rigorosos.

É importante notar que a reutilização de temas musicais não é inédita na indústria do entretenimento. Filmes e séries frequentemente trazem variações de melodias clássicas para evocar sensações específicas. No universo de One-Punch Man, no entanto, o temor é que esta recorrência sinalize uma preguiça criativa, onde novas ameaças não recebem a devida diferenciação musical, sendo ofuscadas pela sombra sonora de um inimigo já superado pelo herói, Saitama. O desafio agora é equilibrar a nostalgia de temas icônicos com a necessidade de inovar a experiência auditiva a cada novo arco narrativo da série.