A tragédia do seppuku e o peso da deserção de kaigaku sobre jigoro em demon slayer

A narrativa do Arco de Treinamento Hashira, ou os eventos subsequentes no Arco do Castelo do Infinito em Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba, trouxe à tona o profundo trauma ligado ao mestre Jigoro Kuwajima e a seus pupilos, Zenitsu Agatsuma e Kaigaku. Um ponto central dessa tragédia é a razão pela qual Jigoro, um ex-Hashira aposentado, escolheu cometer seppuku após a traição de um de seus sucessores.

O Peso da Honra e o Código Samurai

Dentro da estrutura da organização Caçadores de Demônios, que opera sob preceitos semelhantes aos de uma classe samurai, a falha grave que coloca a organização em descrédito ou resulta na morte de inocentes exige expiação. A deserção de qualquer membro para o lado demoníaco, especialmente um que estava a caminho de se tornar um Pilar, representa uma mancha irreparável na honra do mestre responsável por sua formação.

O seppuku, o suicídio ritual japonês, seguia estritas regras de conduta. Diferente de uma morte rápida, o procedimento exigia um Kaishakunin, um assistente habilidoso responsável por decapitar o indivíduo no momento exato para garantir uma passagem digna e sem dor prolongada. A técnica e a confiança depositada nesse assistente eram cruciais para a honra do ato.

A Ausência do Kaishakunin

O que intensificou exponencialmente a dor de Zenitsu foi o fato de Jigoro ter realizado o seppuku sozinho, o que implica uma morte lenta e agonizante, longe da dignidade esperada pelo código do Bushido. A explicação reside na condição de Zenitsu. Ele e Kaigaku formavam a dupla destinada a carregar o manto do Trovão, sendo os sucessores completos de Jigoro.

Com a transformação de Kaigaku em um demônio de alto escalão, um Lua Superior, Zenitsu se viu incapacitado de cumprir o papel de Kaishakunin para seu mestre, mesmo que Jigoro tivesse solicitado. O texto que Jigoro deixou para Zenitsu era um reflexo direto dessa impossibilidade de oferecer um fim honroso a si mesmo. A deserção de um dos dois pupilos designados quebrou a linhagem e a esperança de Jigoro, forçando-o à autoextermínio solitário, pois o membro restante, Zenitsu, estava formalmente impossibilitado de auxiliar devido à sua própria responsabilidade no lapso de formação.

Esta revelação sublinha a severidade das regras da organização e o sacrifício pessoal que os mestres como Jigoro estavam dispostos a fazer para manter a integridade moral, mesmo quando a tragédia era, em parte, alheia ao seu controle total. A destruição de um sonho e a honra perdida culminaram em um desfecho de extrema dor, marcando profundamente a jornada de Zenitsu no caminho do caçador.