A torrente emocional de um novo leitor de berserk ao alcançar o hiato

Um fã que mergulhou na saga de Kentaro Miura após assistir Dorohedoro experimenta o peso da narrativa e o desespero pelo futuro de Guts.

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Analista de Mangá Shounen

04/12/2025 às 10:55

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A jornada de descoberta de novas obras de arte pode ser intensa, especialmente quando confrontada com narrativas de profundidade psicológica e ação visceral. Recentemente, um leitor que começou a acompanhar o mangá Berserk há apenas dois meses, após se envolver com o universo de Dorohedoro, compartilhou a experiência avassaladora de alcançar a atualização mais recente da série. A imersão rápida em 35 anos de material acumulado resultou em um estado de luto e angústia profundos.

O cerne da perturbação reside no destino de Guts, o protagonista. A expectativa central de muitos leitores é pela tão desejada paz e descanso para o espadachim. A publicação de uma nova fase, supervisionada por Kouji Mori, a pedido do falecido criador Kentaro Miura, trouxe momentos de esperança, como o breve retorno de Casca, mas estes foram rapidamente ofuscados pela escuridão persistente do trauma acumulado. A sensação de que qualquer vislumbre de felicidade é efêmero domina a percepção de quem acompanha a saga.

O conflito da utopia de Griffith

Um dos pontos mais geradores de raiva para este observador é a ascensão de Griffith, que busca unificar o mundo sob uma aparente utopia. Há uma forte rejeição a essa visão, com a convicção de que viver sob o domínio dele, mesmo que pareça pacífico, seria preferível à morte, embora sob o risco de ser apenas mais um na massa complacente. Essa dicotomia entre a tirania sedutora e a liberdade custosa define grande parte do apelo sombrio da obra.

A conexão emocional com a obra se manifesta em atos cotidianos. O fã relata ter alterado seu papel de parede para uma imagem de Guts e Casca, um reflexo da necessidade de processar a dor sentida pelo personagem. Houve momentos particularmente dolorosos, como a percepção de que até mesmo a arma de Guts, a Espada do Destruidor de Dragões, que ele conseguia confiar, havia falhado em um momento crucial. A homenagem ao trabalho de Miura, ao se aproximar do material finalizado por ele, intensificou o sentimento de perda.

O aguardo angustiante pelo futuro

O leitor está agora mergulhado no ciclo vicioso da espera, uma realidade comum a quem se dedica a uma série de publicação longa. A principal questão é: o que Guts pode realmente fazer contra seres quase divinos, como os Membros da Mão de Deus? As especulações sobre fraquezas ocultas ou segredos do Behelit ainda não revelados mantêm a chama da esperança acesa, mesmo diante de um adversário de escala cósmica. A esperança reside na possibilidade de que, no final, os laços de amizade permitam atingir os objetivos e, finalmente, Guts encontre o descanso merecido.

Curiosamente, o leitor em questão se encontra na mesma faixa etária que Guts na narrativa atual, o que adiciona uma camada de identificação e receio sobre o tempo gasto. Terminar de ler a obra em apenas dois meses, sendo este um dos primeiros mangás lidos, demonstra a força da narrativa de Berserk. Para lidar com o impacto emocional, cogita-se a criação de conteúdo em vídeo para desabafar e compartilhar a experiência, um testemunho do profundo impacto que a obra de Kentaro Miura continua a exercer sobre novos públicos, mesmo após décadas de publicação.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.