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O terror existencial das calamidades e por que elas redefinem o conceito de poder

A natureza indestrutível das Calamidades na obra de Yoshihiro Togashi é analisada como um elemento de horror puro, desafiando narrativas de confronto.

Fã de One Piece
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16/10/2025 às 19:20

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A introdução das Calamidades no universo de Hunter x Hunter representa um ponto de inflexão conceitual, movendo a narrativa para territórios mais sombrios e filosóficos. O que torna essas entidades tão aterrorizantes não é seu poder destrutivo em si, mas a sua própria natureza inatacável e intratável.

A impossibilidade da confrontação direta

Um dos aspectos mais brilhantes, segundo análises recentes sobre a obra de Yoshihiro Togashi, é o fato de que as Calamidades não são concebidas como inimigos passíveis de derrota no sentido tradicional.

Isso as distancia drasticamente dos chefes de fase ou vilões comuns em narrativas de aventura e fantasia. A ameaça deixada em aberto - o que fazer diante de uma praga incontrolável ou de um elemento natural que age com malevolência? A resposta parece ser: muito pouco.

Essa incapacidade de impor um confronto direto e uma solução final é o que injeta um forte elemento de horror cósmico na trama. Se um adversário pode ser superado com estratégia e força, ele é um desafio. Se ele é uma força inevitável, como um vírus letal ou uma erupção vulcânica descontrolada, ele se torna um terror existencial.

O eco nas palavras de Netero

Essa perspectiva se alinha perfeitamente com o pensamento demonstrado por figuras experientes dentro do cânone, como Netero. Sua recusa em buscar um tipo específico de poder ou o foco limitado em meros combates de força ganha um novo significado à luz da ameaça das Calamidades.

Netero, um mestre em avaliar ameaças e capacidades, compreendia que enfrentar algo que não pode ser vencido em combate tradicional exige uma mudança de paradigma que talvez nem mesmo a elite dos Hunters estivesse preparada para abraçar.

A distinção se torna clara: o poder procurado não é aquele capaz de derrotar um inimigo físico, mas sim o que pode oferecer alguma forma de contenção ou mitigação contra o caos inerente. Essa abordagem reforça a maestria de Togashi em tecer elementos de horror psicológico e naturalista em um mangá conhecido por suas lutas intensas, lembrando que, às vezes, as maiores batalhas são aquelas que não podemos vencer, apenas sobreviver.

Fã de One Piece

Fã de One Piece

Entusiasta dedicado da franquia One Piece com foco em análise de conteúdo e apreciação de comédia e desenvolvimento de personagens. Experiência em fóruns especializados e discussões temáticas sobre o mangá/anime.