Teoria sugere que a saga final de one piece se baseia em mitos gnósticos e influências cristãs
Uma análise aprofundada explora paralelos entre a narrativa de Imu, Joyboy e a história de criação gnóstica.
Uma linha de raciocínio intrigante aponta para uma possível inspiração na mitologia gnóstica e em conceitos bíblicos para moldar o arco final da narrativa de One Piece, especialmente no que tange aos personagens de Imu e Joyboy. A teoria se baseia fortemente na representação do Mural de Elbaph, sugerindo que o autor Eiichiro Oda estaria utilizando as quatro principais doutrinas gnósticas do cristianismo, misturadas com elementos do Antigo e Novo Testamento, como um complexo arcabouço para os eventos vindouros.
Os três mundos e a queda
O cerne da especulação divide a história do mundo de One Piece em três fases distintas, espelhando a cosmogonia gnóstica. O Primeiro Mundo seria inspirado nos Aeons superiores e na história de Pistis Sophia, cuja 'queda' resultaria na criação de Yaltabaoth, o deus da Terra. Este evento inicial corresponderia ao surgimento do mundo original de One Piece.
O Segundo Mundo focaria na recuperação após o caos causado por Yaltabaoth, explicando a origem das Akuma no Mi, como as almas dos deuses ficaram aprisionadas nessas frutas, e a ascensão e queda do Reino Antigo. Aqui, seriam estabelecidos paralelismos entre figuras divinas antigas: Joyboy como o Deus Sol, Davy Jones como o Deus Lua, e Imu Nerona como o Deus Terra. Neste contexto, Imu seria interpretado como a personificação do Demiurgo, uma figura enganadora que se autoproclama divindade suprema.
Por fim, o Terceiro Mundo abrange o presente da série, onde Imu e seus subordinados, os Gorosei (descritos como seus Archons), tentam erradicar a liberdade e a história verdadeira do mundo. A 'destruição' deste mundo seria marcada pela derrota de Imu e pela concretização do sonho de Monkey D. Luffy.
Imu, o Demiurgo, e o Grito da Traição
A figura de Imu já demonstra características de um falso deus, apoiado por seus cinco (ou seis) Arquons, cujos nomes remetem aos planetas. A tentativa de genocídio contra clãs específicos e a supressão da história mundial reforçam a conexão com o Demiurgo, que busca manter a ignorância e o controle. A capacidade de Imu de paralisar indivíduos, aprisionando suas almas ou autonomia, seria uma manifestação direta desse poder de controle.
Em contraste, Joyboy é visto como uma figura análoga a Jesus Cristo, com uma tripulação que teria sido composta por doze apóstolos. A grande traição, um elemento central no Gnosticismo, seria representada por um membro da tripulação de Joyboy que posteriormente se tornaria Imu, orquestrando a ocultação da história nos Poneglyphs.
Drama Familiar e o Catalisador da Queda
A especulação se aprofunda ao sugerir uma relação fraternal entre Joyboy e Imu, possivelmente gêmeos nascidos de uma rainha muito amada, que morre no parto. Imu, nascido na escuridão (como um 'bebê de caixão'), seria culpado pela morte da mãe, enquanto Joyboy, nascido sob o sol, seria poupado de tal estigma, semeando ressentimento profundo em Imu. Lili Nefertari, por sua vez, seria comparada a Maria Madalena, sendo cortejada por Davy Jones e Imu, mas dedicando seu afeto unicamente a Joyboy.
O ponto de inflexão para a queda total de Imu seria o despertar de seu poder de Deus Terra junto ao despertar da fruta Nika de Joyboy. Este evento catalisaria o despertar das outras frutas divinas, incluindo a de Davy Jones. A combinação do poder destas mitológicas Zoans com o desprezo acumulado por Joyboy levaria Imu e Davy Jones a conspirarem contra o Deus Sol. Imu manipulou os eventos para que Davy Jones executasse Joyboy, e então, ao assumir a posição de líder contra o agora 'tirano' Davy Jones, Imu unificou os 20 Reinos, iniciando o Século Perdido e o domínio de Mu.
A conclusão deste ciclo épico, conforme a teoria, seria Luffy, o terceiro Deus Sol, finalmente derrotando Imu, o Demiurgo. Essa vitória não só encerraria o reinado do falso deus, mas também extinguiria a Árvore de Adão (a fonte das Akuma no Mi) e a Chama Mãe, trazendo a união e o conhecimento necessários para libertar o mundo.