A teoria do vácuo cósmico como possível inspiração para o isolamento do mundo de hunter x hunter

A cosmologia e as grandes narrativas de ficção frequentemente se cruzam, encontrando paralelos conceituais surpreendentes. Recentemente, surgiu uma linha de raciocínio que conecta o cenário fundamental do mangá e anime Hunter x Hunter com uma teoria astrofísica real e intrigante: a teoria do Vácuo Cósmico.

A teoria do Vácuo Cósmico, em termos simplificados, postula que a Via Láctea, nossa galáxia, está excepcionalmente isolada de outros aglomerados galácticos em uma vasta região do universo conhecida justamente como o Vácuo Cósmico. Essa ideia sugere um grau de separação quase absoluto entre a nossa vizinhança estelar e o cosmos mais amplo.

O isolamento geográfico no universo de Togashi

Transpondo essa noção para o universo criado por Yoshihiro Togashi, a comparação se torna evidente ao observarmos a geografia de Hunter x Hunter. O mundo ficcional é notoriamente descrito como existindo majoritariamente isolado dentro de uma vasta massa líquida, o vasto Lago Múbio (Lake Mobius).

Enquanto a ficção científica frequentemente explora a vastidão do espaço, a premissa de Hunter x Hunter constrói sua limitação de forma aquática e terrestre. O planeta é, efetivamente, uma ilha cercada por um oceano intransponível, o que restringe drasticamente a exploração e a interação com o que estaria além de suas fronteiras conhecidas. Essa limitação física estabelece um palco narrativo onde todas as civilizações, culturas e conflitos se desenvolvem em um ambiente fechado.

Paralelos conceituais entre ficção e ciência

A semelhança reside na arquitetura de isolamento. Se no modelo cosmológico a Via Láctea reside em uma bolha de baixa densidade de matéria, no mundo de Hunter x Hunter, a civilização humana está contida dentro de um sistema aquaticamente confinado, o Lago Múbio, que atua como uma barreira quase absoluta.

Esse isolamento inerente dentro de um ambiente vasto, mas circunscrito, oferece vantagens narrativas significativas. Permite que o autor se concentre no desenvolvimento de sistemas de poder complexos, como o Nen, e na política interna, sem a necessidade constante de justificar interações com civilizações extraterrestres ou continentes desconhecidos que poderiam diluir o foco central da história.

A criação de um mundo autorrestrito por fronteiras naturais robustas, seja ela um vácuo cósmico ou um gigantesco corpo d'água planetário, serve para intensificar o drama interno. As jornadas épicas dos personagens, como as de Gon Freecss, são definidas não apenas pelos desafios que enfrentam, mas pela própria constituição física do mundo que habitam, sugerindo que a inspiração pode ter vindo de visões de sistemas vastos, mas fundamentalmente solitários, como o Vácuo Local estudado na astrofísica.