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Análise temporal e linguística: O tempo de vida de muzan kibutsuji e a evolução do japonês

Um exercício de cronologia baseado no final de Kimetsu no Yaiba sugere um período de 1029 anos para Muzan, gerando questionamentos sobre as mudanças no idioma japonês.

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Analista de Mangá Shounen

16/10/2025 às 14:44

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A narrativa de Kimetsu no Yaiba, que culminou com a derrota do antagonista Muzan Kibutsuji, abre espaço para interessantes exercícios de cronologia histórica e linguística. Ao tentar situar os eventos finais da obra em um contexto temporal mais próximo da realidade, surge uma estimativa intrigante sobre a longevidade do demônio e o período exato em que ele viveu sob a forma humana.

A especulação começa ao observar um detalhe no epílogo do mangá: a menção a um descendente de Tengen Uzui conquistando uma medalha de ouro em ginástica. Contextualizando este evento, se assumirmos que essa conquista ocorreu durante os Jogos Olímpicos de 2016, e considerando que cerca de um século se passou após a batalha final, a luta contra Muzan estaria situada aproximadamente em 1916.

A Cronologia do Imortal

Muzan Kibutsuji é descrito como um ser que se transformou em demônio aos 19 anos. Se ele viveu por mais de 1000 anos até sua morte em 1916, isso colocaria seu nascimento no ano de 897. Desta forma, o período de existência humana e demoníaca de Muzan se estenderia de 897 a 1916, totalizando mais de um milênio de transformações por eras históricas japonesas.

Este intervalo de tempo, que abrange o final do Período Heian, o Período Kamakura, os períodos Muromachi e Edo, e quase todo o Período Meiji até o início da Era Taishō, é crucial para entender as mutações do idioma japonês.

A Língua Japonesa entre os Séculos X e XX

O idioma japonês passou por transformações significativas entre o período em que Muzan nasceu (século X) e o ano em que ele foi derrotado (início do século XX). As mudanças não foram apenas lexicais, mas também fonológicas e gramaticais.

No início de sua vida demoníaca, no período Heian, o japonês escrito era fortemente influenciado pelo chinês clássico, e a pronúncia era estruturalmente diferente do japonês moderno. O surgimento do kana (hiragana e katakana) foi fundamental para a consolidação de uma escrita mais puramente japonesa, um marco que ocorreu séculos após o início da vida de Muzan.

Ao longo dos mais de mil anos, houve a transição do japonês arcaico para o japonês clássico e, finalmente, para o japonês moderno. Essa evolução inclui a padronização dos sons vocálicos, a simplificação de certas conjugações verbais e a introdução massiva de vocabulário estrangeiro, especialmente após a Restauração Meiji em 1868, que marcou a abertura forçada do Japão ao Ocidente.

Um ser que testemunhou esses mil anos, como Muzan, teria uma compreensão da língua que abrange um espectro linguístico imenso. A forma como ele compreenderia o dialeto falado em 1916, em comparação com o que ouvia em 900, seria radicalmente alterada pela evolução natural da fala e pelas influências culturais e políticas do entorno, como detalhado em estudos sobre a história da língua.

A habilidade de Muzan de se infiltrar em qualquer época, independentemente da profunda alteração linguística que ocorreu, ressalta não apenas sua natureza sobrenatural, mas também a complexidade da transformação cultural que o Japão atravessou durante sua longa existência.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.