A substituição de madara por kaguya no final de naruto: Um ponto de inflexão na narrativa

A reta final da saga Naruto Shippuden, especificamente a Guerra Mundial Shinobi, apresentou uma das reviravoltas mais comentadas e polarizadoras da obra: a substituição abrupta do principal antagonista, Madara Uchiha, pela figura ancestral de Kaguya Otsutsuki. Essa alteração de foco, ocorrida em um momento crucial da história, levanta questões significativas sobre o planejamento narrativo do criador, Masashi Kishimoto.

Por quase uma década da publicação do mangá, Madara Uchiha foi meticulosamente construído como o arqui-inimigo definitivo. Suas motivações, seu poder avassalador e sua ligação intrínseca com a história do clã Uchiha o estabeleceram como o ápice da ameaça que os heróis precisavam superar. No entanto, após sua aparente derrota, a trama pivotou rapidamente para introduzir Kaguya, a progenitora do chakra.

A Promessa de um Vilão Hipado

O impacto dessa troca reside no investimento emocional e temporal que Kishimoto dedicou à construção de Madara. Ele não era apenas um inimigo; ele representava o fracasso de ideologias passadas e a personificação da dor gerada pelas Grandes Nações Shinobi. Quebrar essa construção estabelecida, jogando um elemento cósmico e mitológico de última hora, pareceu, para muitos observadores, desvalorizar o arco construído ao redor do Uchiha.

A necessidade de introduzir um nível de ameaça superior pode ser entendida como uma tentativa de escalar os poderes na batalha final. A dificuldade em finalizar Madara de maneira satisfatória, dadas as suas habilidades e a complexidade de sua relação com Obito, pode ter forçado o autor a buscar uma solução que transcendesse o conflito Terra-Shinobi para um nível puramente dimensional.

Implicações Narrativas da Mudança

A introdução de Kaguya Otsutsuki, embora expandisse a mitologia do universo Naruto ao ligar o chakra à sua origem extraterrestre, desorganizou a progressão temática. Muitos argumentam que o clímax deveria ter sido o confronto final entre Naruto, Sasuke e Madara, resolvendo os conflitos enraizados na história do mundo Shinobi, conforme planeado originalmente. A aparição de Kaguya, em contrapartida, relegou Madara a um papel de mero recipiente ou peão.

Análises indicam que essa guinada para o elemento alienígena pode ter sido uma resposta às pressões editoriais ou a uma mudança de percepção sobre o ritmo necessário para concluir a série. Independentemente da razão, a transição de um plano de conflito geopolítico e filosófico para uma batalha existencial contra uma deusa alienígena permanece um dos elementos mais discutidos na franquia, deixando para trás a questão sobre o destino que seria reservado a Madara se a estrutura original tivesse sido mantida.