A simbologia exagerada de masashi kishimoto na quarta guerra ninja e a motivação por trás de uma cena específica

O arco final de Naruto, centrado na Quarta Guerra Mundial Shinobi, é notório por apresentar batalhas de escala épica, utilizando poderes divinos e uma fusão complexa de estratégias. No entanto, uma manobra específica executada pela Aliança Ninja contra a Dez Caudas (Jūbi) tem sido revisitada por introduzir um nível de simbolismo tão denso que beira o excesso, levantando dúvidas sobre sua justificativa dentro da lógica de combate da obra.

O sacrifício de Neji e a metáfora da ave

O ponto central da análise reside na formação da Aliança Ninja, que se uniu para criar uma estrutura colossal em forma de ave, utilizada para alçar voo e cortar as caudas remanescentes da Dez Caudas. A conotação simbólica dessa ação é profunda, ligada diretamente ao momento imediatamente anterior ao sacrifício de Neji Hyuga.

A interpretação sugere que a Aliança, ao se tornar a ave, representava a liberdade e a esperança conquistadas através da morte de Neji. No mangá, Neji estava associado à metáfora de um pássaro preso em uma gaiola, e sua morte foi o preço para libertar Naruto do destino profetizado. A subsequente formação da ave pela Aliança seria, então, a manifestação visual e tática dessa liberdade, com as caudas da besta funcionando como barras da referida gaiola que precisavam ser quebradas.

Questões de eficiência militar e narrativa

Embora o peso emocional e simbólico dessa cena seja inegável, sua implementação prática no campo de batalha apresenta falhas notáveis de narrativa funcional. A eficácia da manobra é questionável sob uma ótica tática:

• As caudas que a ave atacava já haviam sido separadas do corpo principal da Dez Caudas. O gasto massivo de chakra e esforço para esta manobra aérea não era estritamente necessário para neutralizar os apêndices já isolados.
• A participação ativa no corte das caudas foi limitada. A maior parte do sucesso contra os principais antagonistas, como Obito Uchiha e Madara Uchiha, coube primariamente a Naruto Uzumaki e Rock Lee, que conseguiram acertar os alvos diretamente. Os demais membros da Aliança funcionaram mais como passageiros do que combatentes determinantes naquela fase da luta.
• Mesmo após a separação dos Uchihas da ameaça da Dez Caudas, a Aliança permaneceu na defensiva tática até a chegada dos Hokages reencarnados, o que minimiza o impacto decisivo da formação da ave no balanço geral das forças.

Este episódio serve como um exemplo intrigante de como Masashi Kishimoto, criador da série Naruto, frequentemente prioriza o impacto temático e a ressonância emocional sobre a pura coerência tática em momentos cruciais. O espetáculo visual e a homenagem póstuma a Neji triunfaram sobre a simplicidade da estratégia, solidificando um dos momentos mais visualmente grandiosos, ainda que logicamente questionáveis, do clímax do mangá.