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A representação do luto de tanjiro após a morte de rengoku e seu impacto na narrativa

A persistência da lembrança de Rengoku no protagonista de Demon Slayer é vista como um retrato realista da dor da perda.

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Analista de Mangá Shounen

28/12/2025 às 13:30

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A jornada emocional de Tanjiro Kamado, protagonista do fenômeno Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba, tem gerado reflexões sobre a profundidade com que a obra aborda o sofrimento e a memória de entes queridos perdidos. Em particular, a maneira como o personagem continua a carregar o peso da perda do Hashira das Chamas, Kyojuro Rengoku, após os eventos marcantes do arco do Trem Infinito, é um ponto que merece análise mais detalhada.

Embora em muitas narrativas de ação e aventura a superação da perda de um mentor ocorra de maneira rápida para impulsionar a trama seguinte, Demon Slayer opta por um caminho mais introspectivo e, para muitos, mais humano. A permanência da dor e da influência de Rengoku na psique de Tanjiro, Nezuko e Zenitsu é tratada como um evento central e duradouro, e não apenas como um catalisador temporário.

O realismo do processo de luto adaptado

A premissa central por trás dessa abordagem é a tentativa de retratar a experiência de luto de maneira mais fiel à realidade. A morte, especialmente quando testemunhada em circunstâncias traumáticas, como foi no caso de Tanjiro presenciando o sacrifício de Rengoku, não é um evento que se apaga no dia seguinte. A obra demonstra que a ausência de uma figura inspiradora deixa cicatrizes profundas.

Essa persistência nas lembranças atua como um contraponto à tendência comum em animes de fazer com que os personagens movam-se adiante rapidamente, quase ignorando a magnitude das fatalidades ocorridas. Ao manter Rengoku vivo no coração e na mente de seus aliados, a série valida a profundidade do impacto que um herói pode ter. A forma como Tanjiro internaliza os ensinamentos e o espírito de Rengoku serve como um motor para seu crescimento contínuo como Caçador de Demônios.

A memória como força motriz

A lealdade inabalável à memória de Rengoku manifesta-se não apenas em momentos de tristeza, mas também em sua determinação em batalhas futuras. A filosofia de Rengoku sobre dever e bravura se torna um pilar para Tanjiro, demonstrando que o legado de um indivíduo pode ser tão poderoso quanto sua presença física. Esta narrativa sutilmente sugere que o verdadeiro tributo a alguém que se foi é a continuação de seus ideais.

Mesmo com a introdução de novos pilares e desafios, manter a sombra ou a luz de Rengoku presente ajuda a construir uma tapeçaria emocional mais rica para o espectador. Reflete a complexidade de viver com perdas significativas, permitindo que a audiência se conecte com a humanidade dos personagens centrais em um nível mais profundo do que o apresentado em muitas outras narrativas de ação. A representação, embora estilizada para o universo de Kimetsu no Yaiba, ressoa com a verdade universal de que certas perdas moldam quem nos tornamos, e essas memórias persistem através das estações e evoluções da história.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.