A relevância da versão original de fullmetal alchemist após o sucesso de brotherhood
Acompanhar a primeira adaptação de Fullmetal Alchemist após ter assistido a Brotherhood suscita debates sobre valor narrativo e desvios do mangá.
A franquia Fullmetal Alchemist é um marco incontestável no universo dos animes, dividida essencialmente em duas grandes adaptações televisivas: a versão original de 2003 e, posteriormente, Fullmetal Alchemist: Brotherhood (2009), esta última aclamada por adaptar fielmente o mangá de Hiromu Arakawa. Para aqueles que mergulharam na jornada dos irmãos Elric através da precisão narrativa de Brotherhood, surge naturalmente a questão: a primeira série, com seu caminho narrativo distinto, ainda mantém valor para o espectador.
A distinção fundamental reside no material de origem. Enquanto Brotherhood é considerada a adaptação canônica, seguindo o enredo do mangá até seu desfecho, a série de 2003, dirigida por Seiji Mizushima, divergiu significativamente do material base após o episódio 37. Essa divergência criativa permitiu que a versão inicial explorasse caminhos narrativos inéditos, culminando em um final completamente original.
Explorando caminhos alternativos
Para quem já conhece o desfecho canônico, assistir ao Fullmetal Alchemist de 2003 transforma a experiência em um estudo de caso fascinante sobre adaptação. A série de 2003 teve a liberdade de desenvolver arcos mais focados em certos personagens e introduziu temáticas um pouco diferentes das abordadas na obra original de Arakawa. Por exemplo, o desenvolvimento dos antagonistas e a exploração da mitologia alquímica ganham um tempero adicional que agrada quem busca uma perspectiva expandida do universo de Amestris.
A animação e a direção de arte também apresentam características próprias daquela época, oferecendo um visual ligeiramente diferente, valorizado por muitos puristas pela sua estética anos 2000. A trilha sonora, que já era de alta qualidade, oferece composições icônicas que se tornaram sinônimo da primeira adaptação.
O foco na jornada emocional
Independentemente da fidelidade ao mangá, a versão de 2003 é elogiada por construir uma atmosfera emocionalmente densa, especialmente no que tange ao foco na dor e nas consequências da alquimia humana. Embora Brotherhood seja tecnicamente mais coesa e fiel, a versão anterior consegue oferecer um mergulho mais profundo em certas nuances dramáticas, utilizando seu desvio narrativo como ferramenta para explorar as implicações filosóficas do Tabu da Alquimia. É uma obra que se sustenta por mérito próprio, e não apenas como um prelúdio ou uma versão alternativa.
Portanto, o valor de se assistir à versão original reside na oportunidade de vivenciar uma interpretação artística completamente diferente da mesma história base. É uma coleção de 51 episódios que, embora parte de uma franquia maior, oferece um final conclusivo e satisfatório com uma identidade visual e narrativa bem definida, sendo uma adição valiosa à filmografia de qualquer fã de animes épicos e filosóficos.