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A recepção controversa do remake de berserk de 2016: Um balanço entre a animação 3d e a fidelidade à obra original

A adaptação de Berserk de 2016 é lembrada pelo uso controverso de CGI e cortes significativos na narrativa.

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Analista de Mangá Shounen

28/10/2025 às 08:10

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A adaptação animada de Berserk lançada em 2016 permanece um ponto de intensa discussão entre os admiradores da sombria fantasia criada por Kentaro Miura. O projeto ousou reviver a saga do Cavaleiro Negro, Guts, em um formato que prometia cobrir os eventos após o infame Eclipse, mas encontrou resistência significativa devido a escolhas técnicas e narrativas.

O principal ponto de fricção identificado pela audiência foi a notória dependência da computação gráfica (CGI) para a animação. Enquanto produções de anime modernas frequentemente integram elementos 3D, a implementação em Berserk (2016) foi amplamente criticada por parecer datada e desconexa do estilo visual do material original. A fluidez e o peso característicos das cenas de batalha, essenciais para a identidade da obra, foram frequentemente comprometidos por movimentos robóticos ou por uma estética que contrastava drasticamente com os visuais bidimensionais tradicionais.

O desafio da transição narrativa

Além das questões visuais, a forma como o conteúdo foi adaptado também gerou frustração. A série optou por condensar eventos cruciais do mangá, resultando em um ritmo acelerado e, para muitos espectadores, na exclusão de momentos importantes para o desenvolvimento de personagens e o entendimento das novas dinâmicas políticas e sobrenaturais do enredo.

A obra original, que explora temas densos como destino, sacrifício e a luta incessante contra a natureza humana e forças demoníacas, exige um tratamento cuidadoso. A necessidade de cobrir um volume significativo de capítulos em poucas semanas de exibição forçou a equipe de produção a realizar cortes substanciais. Estes cortes impactaram a imersão, especialmente no que tange à atmosfera opressiva que define o universo de Berserk.

A tentativa de modernizar a aparência da série através do CGI, embora compreensível em um contexto de produção, falhou em capturar a essência dramática e a ferocidade das lutas icônicas. Comparada a adaptações anteriores, como a série de 1997, que utilizou um estilo 2D mais alinhado com a arte de Miura, a versão de 2016 representou um salto arriscado que não se concretizou totalmente para a base de fãs mais tradicional.

Apesar das controvérsias técnicas e estruturais, o fato de ter trazido uma nova chance para que a fatia do mangá pós-Eclipse fosse animada gerou um debate contínuo sobre o que constitui uma adaptação fiel e bem-sucedida. O legado de Berserk (2016) reside, portanto, em ser um estudo de caso sobre os perigos da má aplicação de novas tecnologias visuais e as dificuldades inerentes à transposição de uma obra complexa para o formato televisivo.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.