A recepção complexa do filme de demon slayer: O debate silenciado sobre o roteiro

A empolgação em torno do filme de Demon Slayer parece ofuscar críticas prévias ao roteiro do mangá

An
Analista de Mangá Shounen

20/10/2025 às 02:00

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O fenômeno de bilheteria que envolveu o mais recente filme da franquia Demon Slayer, que abrange o arco Infinite Castle, gerou uma onda de euforia massiva. Amplamente elogiado por sua qualidade visual e técnica de animação estonteante, o longa-metragem conseguiu capturar a atenção de públicos que muitas vezes não são assíduos ao nicho de animes.

A animação, produzida pelo estúdio Ufotable, é inegavelmente o grande motor dessa aclamação. A fluidez dos movimentos, o detalhamento das técnicas de respiração e a cinematografia imersiva são consistentemente destacados como pontos altos, herdando a excelência estabelecida pela série de televisão que já é considerada maravilhosa por muitos espectadores.

Entretanto, essa celebração quase irrestrita levanta um contraste interessante com percepções anteriores sobre o material original da obra, o mangá. Antes da adaptação cinematográfica, existia um discurso significativo, especialmente entre leitores mais críticos, apontando fragilidades no desenvolvimento narrativo e no roteiro da história em sua forma impressa.

O Contraponto Narrativo

A questão que surge é a aparente dissonância entre as críticas passadas e a recepção do filme. Enquanto o visual e a execução técnica foram elevados a um patamar quase intocável pelo sucesso de público, as deficiências que teriam sido apontadas no argumento subjacente parecem ter desaparecido do foco das conversas atuais. O êxtase provocado pela adaptação superou a análise textual?

Para aqueles que acompanharam a jornada de Tanjiro Kamado e seus companheiros desde o mangá, as nuances do roteiro, como o desenvolvimento apressado de certos personagens ou a resolução de conflitos, eram temas de discussão persistentes. Essas discussões, que envolviam a lógica de certas decisões dos personagens ou a profundidade dramática de alguns arcos, perderam espaço quando confrontadas pelo espetáculo visual entregue na tela grande.

Essa dinâmica sugere que, no entretenimento de grande escala, a experiência sensorial e a fidelidade estética podem, momentaneamente, eclipsar a análise rigorosa da estrutura narrativa. O filme de Demon Slayer funciona como uma vitrine para o que há de mais avançado em animação japonesa, mas essa luz ofuscante pode estar impedindo o foco em aspectos cruciais da construção da história que haviam sido motivo de preocupação na fonte primária.

O impacto cultural da franquia é inquestionável, e a adaptação para o cinema reafirma seu poder mercadológico e artístico em termos visuais. Contudo, a ausência de um debate robusto sobre o roteiro, mesmo que este tenha sido um ponto de discórdia no passado, indica uma fase de aceitação incondicional impulsionada pela execução técnica impecável.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.