A raiz da maldade humana na narrativa de berserk: Uma análise filosófica

Exploramos as profundezas da crueldade e da natureza humana retratadas no universo sombrio de Berserk, focando em seus mecanismos centrais.

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Analista de Mangá Shounen

21/10/2025 às 07:32

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A raiz da maldade humana na narrativa de berserk: Uma análise filosófica

A obra Berserk, criada por Kentaro Miura, transcende o gênero de fantasia sombria, estabelecendo-se como um estudo profundo sobre a condição humana, a moralidade e a origem da malevolência. Ao mergulhar no turbulento mundo medieval repleto de demônios e lutas existenciais, a narrativa constantemente questiona o que realmente impulsiona a escuridão que reside dentro dos indivíduos.

Diferente de muitas histórias onde o mal é uma força externa facilmente identificável, Berserk sugere que a fonte primária da crueldade reside na própria estrutura da psique humana e em sua reação ao sofrimento. O mundo criado por Miura é implacável. A sobrevivência frequentemente exige escolhas atrozes, e o trauma atua como um catalisador para a degeneração moral.

O Abismo da Escolha e o Desejo pelo Poder

Um ponto central na exploração do mal em Berserk é a forma como o desespero molda o caráter. Personagens que sucumbem à maldade muitas vezes o fazem como resposta a um sofrimento insuportável ou a um sentimento profundo de impotência. O desejo por poder, seja ele mundano ou místico, torna-se o refúgio para aqueles que não conseguem lidar com a aleatoriedade e a brutalidade da existência.

A ascensão de figuras como Griffith, que representa um estudo de caso fascinante sobre a ambição desmedida, ilustra como a busca por um ideal grandioso pode justificar atos de sacrifício inimagináveis. Essa busca, quando desprovida de empatia, leva à instrumentalização de outras vidas, revelando uma faceta egoísta da natureza humana que prioriza a realização pessoal acima de qualquer laço afetivo ou ético.

O Ciclo da Violência e a Inércia da Maldade

A narrativa também se aprofunda no ciclo vicioso da violência. Muitos dos antagonistas menores, e até mesmo alguns secundários, são produtos diretos de ambientes opressivos ou de abusos sofridos. A dor experimentada não resulta em compaixão, mas sim na replicação da agressão contra os mais fracos. É como se a escuridão fosse uma doença contagiosa transmitida através de atos de crueldade registrada na história da humanidade, conforme explorado em momentos cruciais na mitologia do universo da obra.

A luta de Guts, o protagonista, é a antítese dessa descida ao abismo. Sua resiliência, forjada na dor, demonstra a possibilidade de resistência contra a correnteza da maldade inerente. Ele se recusa a quebrar, apesar de enfrentar as manifestações mais terríveis da depravação humana e sobrenatural. Este contraste é vital para a mensagem da obra, sugerindo que, embora a inclinação para o mal exista, a agência moral permanece como o campo de batalha final da humanidade, como discutido em análises sobre a filosofia subjacente à ficção especulativa.

Em última análise, a origem do mal em Berserk não é um demônio único ou um evento isolado, mas sim a soma das falhas humanas intensificadas por um mundo que recompensa a crueldade e pune a vulnerabilidade. É uma visão sombria, mas complexa, sobre como a individualidade e a fraqueza se entrelaçam para forjar a mais terrível das escuridões.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.