Análise: Qualidade da animação de one punch man s3 é reflexo da produção padrão da indústria de anime
A discussão sobre a qualidade visual da terceira temporada de One Punch Man foca na normalidade da produção sazonal, não em algo intrinsecamente ruim.
A recente produção da terceira temporada de One Punch Man (OPM S3) desencadeou debates acalorados entre os espectadores, mas uma análise mais aprofundada sugere que as preocupações visuais residem menos em um fracasso criativo e mais na compreensão do funcionamento padrão da indústria de animação japonesa.
A percepção popular, muitas vezes influenciada por sucessos de altíssimo orçamento, define um padrão irrealista. Títulos como Demon Slayer, Chainsaw Man e Jujutsu Kaisen estabeleceram um novo parâmetro de produção onde episódios quase cinematográficos são a norma esperada. No entanto, essa excelência representa a exceção na animação sazonal, exigindo cronogramas de produção, recursos e tempos de pré-produção que a vasta maioria dos estúdios simplesmente não possui.
O Padrão da Produção Sazonal
Ao contrastar isso com a realidade de OPM S3, o cenário se torna mais claro. A produção é descrita como condizente com a de um anime sazonal comum: enfrentando prazos apertados, orçamentos limitados e um estúdio que precisa equilibrar múltiplos projetos simultaneamente. Comparar o resultado com projetos de luxo é, argumenta-se, ignorar a infraestrutura envolvida, similar a avaliar um filme independente pelo parâmetro de um blockbuster de grande estúdio.
A maior parte do anime produzido anualmente foca em ser um projeto orientado pela narrativa, utilizando momentos de animação fluida estrategicamente onde é mais necessário. É justamente a capacidade de entregar conteúdo emocionalmente envolvente dentro de prazos exaustivos que torna o esforço dos animadores notável em muitos casos.
Distinção entre Arte, Animação e Direção
É crucial diferenciar os elementos que compõem a experiência visual. Animação, estilo artístico e direção não são sinônimos. Uma cena pode parecer estática, mas ser visualmente eficaz devido a uma composição e direção magistrais. Da mesma forma, sequências de ação chamativas podem ser sustentadas por técnicas inteligentes de câmera e composição, e não necessariamente por uma fluidez de quadros excepcionalmente alta.
No caso específico de One Punch Man S3, o ponto de atrito parece residir menos na consistência do desenho ou na coreografia das lutas, que são avaliadas como adequadas, e mais na execução técnica da montagem. O ritmo da narrativa parece oscilar, com momentos se arrastando ou sendo cortados abruptamente. Essa edição e sequenciamento impedem que a animação tenha o espaço necessário para se desenvolver plenamente.
O Fardo dos Animadores
Um aspecto sensível levantado é a utilização do termo “preguiçoso” para descrever os animadores. Profissionais da indústria frequentemente trabalham sob jornadas extenuantes, muitas vezes por remuneração que mal cobre os custos básicos de vida. A crítica de nicho, que analisa quadro por quadro, muitas vezes ignora o contexto de exaustão e remuneração injusta que define o pipeline da indústria.
Portanto, a qualidade visual de OPM S3 é, em grande medida, “normal” para o cenário atual. Se a animação consegue manter a estabilidade visual, contar a história e apresentar as batalhas de forma coesa, já é considerada um sucesso sob as restrições de produção vigentes. O perigo reside na mentalidade que descarta produções como “medíocres” ou “lixo” se elas não se equipararem aos picos de excelência raramente alcançados pela maioria dos animes.