A possibilidade de um final de berserk com redenção e vitória de guts sobre grifith gera debate temático
Uma especulação sobre um desfecho alternativo para Berserk, onde Guts perdoa Griffith, levanta questões conceituais profundas sobre a obra.
A narrativa epopeica de Berserk, obra-prima do mangaká Kentaro Miura, é notória por sua abordagem implacável sobre temas como destino, vingança e o custo da ambição. Recentemente, uma linha de pensamento alternativa para o encerramento da série, imaginada por admiradores, trouxe à tona um debate profundo sobre o que constituiria um verdadeiro clímax para a jornada de Guts.
Essa visão especulativa sugere um final onde Guts não apenas alcança a derrota de Griffith, mas também, surpreendentemente, oferece o perdão ao seu antigo amigo. Tal desfecho diverge radicalmente do caminho sombrio e visceral que a história seguiu desde o Eclipse, o evento cataclísmico que moldou a vida de Guts e o transformou no espadachim negro.
O peso do perdão em uma saga de vingança
A estrutura central de Berserk reside na luta incessante de Guts contra o fardo do Brand of Sacrifice e sua perseguição movida pela vingança contra Griffith, agora encarnado como Femto e líder do Falcão da Escuridão. O perdão, em tal contexto, representaria uma transcendência quase inimaginável do sofrimento imposto. Seria um ato que negaria a própria essência da dor que definiu Guts por décadas.
Considerando a profundidade das atrocidades cometidas por Griffith, perdoá-lo exigiria que Guts superasse não apenas o trauma físico e emocional, mas também o impulso fundamental que o manteve em movimento. Muitos dos elementos centrais da mitologia, como a relação com a Espada Matadora de Dragões e a luta contra as forças demoníacas, estão intrinsecamente ligados ao desejo de retribuição.
Contraste com a visão sombria da obra
A genialidade de Kentaro Miura, frequentemente citada em análises da obra, reside em sua recusa em suavizar a realidade brutal de seu universo. A escolha de um final redenoista, embora catártico para alguns leitores, poderia ser vista como uma traição ao tom maduro e niilista estabelecido por Miura. A obra explora o preço da liberdade e o monstro que reside na humanidade, temas que muitas vezes se resolvem em tragédia ou em um equilíbrio precário, e não em uma solução limpa.
As especulações sobre finais alternativos, como este envolvendo a absolvição de Griffith, servem para testar os limites conceituais da narrativa. Elas forçam uma reavaliação sobre o que os fãs esperam do desfecho de uma história tão longa e complexa, um marco no gênero mangá de fantasia sombria. Qualquer conclusão oficial, seja ela qual for, terá o imenso desafio de honrar o legado de Miura e satisfazer as expectativas construídas ao longo de mais de trinta anos de publicação.