Crítica aponta que o poder avassalador dos quincy no arco guerra sangrenta desvirtua a fórmula clássica de bleach
A introdução dos Quincy no arco final de Bleach gera debate sobre a escalada de poder e a ausência de equilíbrio nas batalhas.
A primeira metade da adaptação animada de Bleach: Thousand-Year Blood War (A Guerra Sangrenta dos Mil Anos) tem sido aclamada por trazer de volta a franquia criada por Tite Kubo. No entanto, a apresentação da força dos antagonistas, os Quincy, tem gerado debates sobre o equilíbrio narrativo e a aderência à fórmula histórica da obra. A principal crítica reside no nível de poder inicial estabelecido para esses guerreiros, que parece romper com o padrão de superação gradual que marcou os confrontos anteriores do anime.
A quebra da progressão tradicional de poder
A essência de Bleach sempre residiu na premissa de que os protagonistas, capitães do Gotei 13 e Ichigo Kurosaki, enfrentavam inimigos aparentemente invencíveis. A vitória era conquistada através de treinamento intenso, aprendizado rápido e o desenvolvimento de novas habilidades que superavam as barreiras impostas. Essa progressão, embora envolva saltos de poder, mantinha uma base de desenvolvimento lógico dentro do universo estabelecido.
A crítica aponta que os Quincy, desde sua primeira aparição no arco mais recente, parecem ter sido criados com um poder base exageradamente alto. Em vez de serem um desafio que exige elevação de nível gradual, eles surgem com habilidades complexas e destrutivas que, segundo a visão dos observadores, desequilibram instantaneamente os confrontos. Isso força os heróis a reagirem com soluções igualmente absurdas e repentinas.
Inimigos com soluções prontas e ausência de tensão
A consequência direta desse poder inicial elevado é que as lutas se tornam, em muitos momentos, unilateralmente desfavoráveis. Quando um antagonista revela uma técnica que resolve a situação sem aviso prévio - muitas vezes descrita como um tipo de McGuffin narrativo, uma habilidade inventada para a conveniência do momento -, a tensão dramática diminui. O oponente precisa então desenvolver uma contramedida igualmente poderosa, mas sem o tempo de preparação adequado.
Essa dinâmica de constante anulação de poderes por meio de novas revelações cria uma sensação de instabilidade no nível de poder geral da narrativa. Não há uma plataforma sólida ou um limite perceptível para o que pode ser alcançado. Para quem acompanha a trama, testemunhar essa escalada contínua pode se tornar cansativo, pois mina a satisfação de ver os personagens conquistarem vitórias suadas após um arco de treinamento claro, como visto em sagas anteriores, como a Saga do Soul Society.
Apesar de reconhecer a qualidade geral da animação e da direção artística na adaptação atual de Bleach, a preocupação central permanece na coesão do poder. A narrativa corre o risco de se transformar em uma sucessão de revelações espetaculares, mas narrativamente vazias, onde a lógica interna do universo de Bleach cede espaço ao espetáculo visual.