Análise revela paralelos filosóficos entre a luta dos quilombolas chimera e a nova série pluribus

A emergente série Pluribus, já com seus três primeiros episódios disponíveis, tem provocado intensos debates conceituais, especialmente quando colocada lado a lado com narrativas complexas já consagradas no universo otaku, como os Quilombolas Chimera de Hunter x Hunter. O cerne da comparação reside na exploração da milenar tensão entre o individualismo e a mente coletiva (hive-mind), temas que parecem se manifestar como inimigos eternos em ambas as obras.

O dilema da evolução social

A discussão central sugere que a sobrevivência da humanidade, ou de qualquer sociedade complexa, reside na capacidade de unir esses dois polos, em vez de tratá-los como forças mutuamente exclusivas. Enquanto Pluribus parece estabelecer esse conflito de forma imediata, a jornada dos Quilombolas Chimera oferece um estudo de caso fascinante sobre como a individualidade pode surgir dentro de uma estrutura de mente coletiva rígida.

Os Quilombolas Chimera são definidos por uma hierarquia estrita, focada unicamente na manutenção daquela ordem social. Contudo, à medida que mais presas humanas são assimiladas geneticamente e incorporadas à colmeia, começam a surgir pensamentos e sentimentos individuais. Vários personagens tomam decisões egoístas, traçando caminhos próprios e desafiando a estrutura estabelecida. Inicialmente, isso reforça a ideia de que os dois conceitos são oposições irreconciliáveis.

A necessidade da direção criativa

No entanto, a evolução dos Quilombolas atinge um ponto de inflexão com a figura de Meruem. Através de sua interação com Komugi, Meruem percebe que o poder bruto da mente e do corpo, sem um propósito guiador, resulta apenas em destruição cega. O crescimento emocional, um tema consistentemente explorado em narrativas de desenvolvimento de personagem, demonstra ser alcançado unicamente através da experiência vivida.

Outro exemplo notável dessa transformação é o personagem Youpi, que mantém uma promessa mesmo quando isso coloca a hierarquia em risco desnecessário. Meruem e Youpi, através do processo de amadurecimento e evolução, chegam a compreender que, para proteger a própria estrutura da colmeia, é imperativo acomodar certos graus de individualismo.

Essa compreensão redefine a leitura de momentos cruciais, como o diálogo entre Meruem e Netero, sugerindo que a cooperação entre o coletivo forte e o potencial individual é o verdadeiro caminho para a longevidade de uma civilização. A trajetória, contudo, é marcada pela tragédia, com a subsequente destruição causada pela arma nuclear conhecida como Poor Man's Rose, que aniquilou esse potencial de síntese entre ordem e liberdade criativa.