A recorrência da morte falsa em animes de luta: Comparativo entre naruto e dragon ball z

A técnica de 'morte aparente' usada para revelar um clone ou a resistência inesperada é um recurso narrativo saturado em animes de luta, como notado em Naruto e Dragon Ball Z.

Analista de Anime Japonês
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02/12/2025 às 23:45

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A recorrência da morte falsa em animes de luta: Comparativo entre naruto e dragon ball z

Análises de narrativas de batalhas em animes de longa duração frequentemente apontam para o uso repetitivo de certas convenções, conhecidas como tropes. Uma das mais notórias é a encenação de uma derrota fatal que, momentos depois, se revela uma armadilha ou uma sobrevivência milagrosa. Este recurso, embora eficaz para criar picos de tensão, demonstra sinais de saturação quando empregado em excesso.

No universo de Naruto, por exemplo, o recurso do corpo atingido mortalmente que se desfaz em matéria orgânica ou revela ser um mero clone é um mecanismo extremamente frequente. Exemplos pontuam a trajetória da série, desde confrontos iniciais até arcos mais avançados. A técnica foi vista quando Sasori enganou Kankuro, quando Deidara fingiu uma explosão fatal contra Naruto, e até mesmo em momentos chave como quando Kakashi enfrentou Pain, ou Zabuza contra Kakashi. A expectativa gerada por um golpe decisivo é imediatamente subvertida, fazendo com que o espectador aprenda a desconfiar de qualquer ferimento grave que pareça resolver a luta cedo demais.

A mesma fórmula em diferentes esferas de poder

Curiosamente, este padrão narrativo não é exclusivo de títulos de ninjas como Naruto. Uma analogia direta pode ser traçada com Dragon Ball Z. Em DBZ, o equivalente estrutural é a explosão de Ki que parece obliterar um adversário, mas do meio da fumaça escura surge o personagem ileso, imune ao ataque energético, ou que utilizou alguma técnica de evasão no último segundo.

Embora o contexto seja diferente - em um caso, envolve substituição física (clones ou madeiras) e no outro, manipulação de energia pura (Ki) -, a função dramática é idêntica: criar uma falsa sensação de resolução. Se um personagem leva um golpe que deveria ser incapacitante, a audiência habituada a esses animes já prevê que a ameaça real ainda não foi eliminada.

O problema reside justamente na previsibilidade. Quando um recurso dramático se estabelece como um padrão, ele perde seu impacto inicial. O elemento surpresa desaparece, sendo substituído por uma antecipação cética por parte do público. A eficácia de um trope está diretamente ligada à sua raridade. A repetição excessiva faz com que o público sinta que a complacência com o ferimento fatal é, na verdade, uma falha de roteiro ou uma muleta narrativa, especialmente quando personagens como Orochimaru também empregam táticas de substituição corporal.

Enquanto o uso ocasional desses desvios mantém o espectador engajado, a alta frequência sugere uma dependência de artifícios para prolongar o clímax das lutas. Títulos de ação, como os mangás de Masashi Kishimoto e Akira Toriyama, continuam a dominar o mercado, mas a dependência desses clichês permanece um tópico de análise constante sobre a escrita de longas sagas de combate.

Analista de Anime Japonês

Analista de Anime Japonês

Especialista em produção e elenco de animes e filmes japoneses originais. Possui vasta experiência em cobrir anúncios de elenco, equipe técnica e trilhas sonoras de produções de nicho, focando na precisão dos detalhes da indústria.