Nova jornada em berserk levanta questões cruciais sobre o legado e a continuidade da obra

Um novo leitor de Berserk está imerso na história de Guts e Casca, reacendendo o debate sobre o último trabalho do autor e a qualidade pós-falecimento.

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Analista de Mangá Shounen

10/12/2025 às 00:10

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A jornada de um novo leitor pelo universo sombrio e complexo de Berserk, a obra-prima de Kentaro Miura, inevitavelmente leva a questionamentos profundos sobre sua continuidade e legado. O período da narrativa em que Guts e Casca se refugiam em uma caverna, permitindo a Casca relembrar seu primeiro encontro com o protagonista, marca um ponto de inflexão no desenvolvimento emocional dos personagens e se torna um momento crucial para quem se aventura pela primeira vez no mangá.

Mesmo com o conhecimento da perda do autor original, Kentaro Miura, falecido em maio de 2021, a imersão na trama instiga a curiosidade sobre o escopo exato do trabalho concluído por ele. Uma das questões centrais que emerge é identificar qual foi o último capítulo ou volume que Miura supervisionou integralmente antes de seu falecimento. Essa demarcação é importante, pois define o ponto exato onde a visão criativa original foi interrompida.

A transição criativa e o futuro da saga

O impacto da morte de Miura reverberou profundamente na indústria de mangás e entre os fãs dedicados da série. A decisão subsequente de continuar a história, supervisionada pelo seu estúdio, Studio Gaga, sob a orientação do amigo de longa data Kouji Mori, trouxe consigo uma dualidade de sentimentos: alívio pela perspectiva de um desfecho e preocupação com a manutenção da qualidade e da essência da obra.

A longevidade de Berserk é um testemunho de sua profundidade temática, explorando temas como livre arbítrio, destino, violência e a resiliência humana em um cenário de fantasia sombria influenciado pela Idade Média europeia. A capacidade de Miura em construir um mundo tão detalhado e personagens tão moralmente ambíguos fez com que a expectativa sobre a qualidade da fase pós-Miura fosse, naturalmente, elevada.

A percepção da qualidade após a mudança

Para os leitores que estão acompanhando a obra desde o início, a alternância na autoria, mesmo que bem-intencionada, levanta a eterna questão sobre a manutenção da consistência narrativa. O trabalho de Miura era marcado por quadros detalhados e uma cadência dramática específica. A indagação sobre se a narrativa “enfraqueceu” desde então reflete a dificuldade de replicar o gênio singular de um autor.

Por um lado, há quem celebre a continuação, vendo-a como uma homenagem necessária à visão inacabada de Miura, com Mori e o Studio Gaga dedicando-se a honrar os rascunhos e planos deixados pelo criador. Por outro, a sutileza na execução do tom e da arte se torna um ponto sensível de análise para os fãs mais exigentes. A apreciação geral, contudo, permanece alta, indicando que a espinha dorsal da história, com Guts e sua luta incessante, ainda ressoa com a força característica da saga, como fica evidente no entusiasmo inicial de quem acaba de entrar neste universo fascinante.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.