A inversão de papéis: Guts como vilão e griffith como salvador na saga berserk
Uma análise profunda explora a dualidade entre Guts e Griffith, recontextualizando seus papéis sob diferentes perspectivas.
A narrativa complexa de Berserk, mangá criado pelo saudoso Kentaro Miura, frequentemente desafia as noções binárias de bem e mal. Uma análise cuidadosa da obra sugere que a percepção de herói e vilão é drasticamente alterada dependendo do ponto de vista observado, especialmente com relação aos protagonistas Guts e Griffith.
Para os cidadãos de Falconia ou o novo exército leal a Griffith, a realidade é invertida. O protagonista Guts, frequentemente visto como o herói da vingança, transforma-se no Black Swordsman, uma figura temida. Ele é creditado com um rastro de destruição maciço, associado a forças sombrias, e sua companhia é composta por aliados peculiares: uma bruxa, elfos e indivíduos empunhando armas mágicas. A oposição direta a Griffith cimenta sua imagem como o antagonista perigoso para a nova ordem estabelecida.
Griffith: O Messias ou o Monstro?
Por outro lado, Griffith assume um papel quase messiânico. Ele é apresentado como o salvador de Falconia, um líder cuja ascensão parece cumprir um destino quase cristão, um eco da lenda do Rei Arthur. A justaposição é notável: enquanto Guts carrega a marca da perseguição e do combate físico implacável, Griffith possui um exército que pode ser interpretado como 'diabos domados' ou seguidores devotos, oferecendo paz e ordem em um mundo caótico.
Essa inversão sugere que Miura intencionalmente subverteu arquétipos clássicos: o rei divino de destino cristão contra o cavaleiro tenebroso de ritos pagãos. A beleza da construção reside justamente nessa inversão de tropos narrativos estabelecidos, forçando o leitor a confrontar a relatividade da moralidade em um universo dominado por forças extradimensionais e sacrifícios.
Caminhos futuros na batalha final
Em relação aos desenvolvimentos futuros da trama, a expectativa é que Guts receba apoio significativo, possivelmente da coalizão Kushan, para enfrentar Griffith. Contudo, há um consenso implícito de que meras forças militares convencionais não serão suficientes para derrotar o ser que ele se tornou.
Duas especulações centrais circulam sobre o próximo grande movimento:
- A intervenção de chocante de algum personagem secundário, como Charlotte ou Sonia, que utiliza um Behelit para sacrificar Griffith. A teoria sugere que tal ato não o destruiria, mas o enviaria para o Plano dos Deuses, ou talvez para o reino da Mão de Deus, alterando drasticamente o status quo.
- Uma possibilidade mais criativa envolve a natureza de Guts como o Berserker. Poderia surgir uma entidade semelhante a uma Valquíria, não para condená-lo ao inferno, mas para resgatá-lo, possivelmente conduzindo-o ao Valhalla, em uma reviravolta que honraria sua força indomável sem necessariamente significar redenção tradicional.
Essas teorias ilustram a profundidade da mitologia de Berserk, onde o sacrifício e o destino podem ser reescritos por atos finais de desespero ou intervenção sobrenatural, mantendo a obra no centro das discussões sobre fantasia sombria.