Mangá EM ALTA

A aparente insatisfação dos apóstolos na narrativa de berserk: Um olhar sobre suas motivações e o vazio existencial

A transformação em apóstolos em Berserk frequentemente culmina em tragédia pessoal, levantando questionamentos sobre a real felicidade alcançada por essas entidades.

An
Analista de Mangá Shounen

08/11/2025 às 15:50

6 visualizações 4 min de leitura
Compartilhar:

A jornada na obra Berserk, criada por Kentaro Miura, é marcada por temas sombrios e dilemas morais profundos, especialmente no que tange aos indivíduos que abraçam o caminho dos apóstolos. Apesar de adquirirem poder fenomenal através do sacrifício do Eclipse, a análise de suas vidas pós-transformação sugere uma surpreendente ausência de contentamento genuíno.

Observa-se que muitos dos apóstolos parecem presos em ciclos de ações vazias ou impulsionadas por desejos que a nova forma não consegue satisfazer. O poder concedido pela Mão de Deus não apaga as memórias ou as carências humanas fundamentais, criando um paradoxo cruel.

Casos específicos de descontentamento

Diversos personagens exemplificam essa condição. Rosine, cujo desejo primordial era conquistar o amor e a felicidade de sua família, vê essa ambição frustrada mesmo após se tornar uma criatura monstruosa. Sua busca por afeição se choca com a repulsa que sua nova forma evoca, transformando-a em uma figura trágica.

Outro exemplo notável é Count, cuja rejeição familiar preexistente parece ser perpetuada, ou até intensificada, pela sua transformação. O poder não lhe trouxe aceitação, mas sim isolamento amplificado. Essas metamorfoses, longe de serem a solução definitiva para seus problemas, tornam-se apenas extensões monstruosas de suas falhas humanas.

A busca de Griffith e o tédio do poder

Até mesmo Griffith, a figura central por trás da ascensão de muitos apóstolos, embora tenha alcançado o reino que tanto almejava, demonstra sinais de estagnação. Embora seu foco tenha se desviado para a dominação, parte de sua satisfação parece residir agora no conflito pessoal constante, particularmente em sua relação perturbadora com Guts, o protagonista da saga. O domínio territorial, que deveria ser o auge de sua conquista, parece secundário em comparação com o nível de engajamento provocado pela rivalidade.

A constante satisfação com a maldade e a destruição aparente não preenche o vácuo deixado pelos objetivos originais de cada um. Eles se tornam meros executores de um desequilíbrio cósmico, sem um propósito construtivo no panorama geral do mundo, funcionando talvez mais como ferramentas do que como seres soberanos.

Essa perspectiva sugere que a transformação em apóstolo em Berserk não é um fim de sofrimento, mas sim uma escalada para uma nova forma de agonia existencial. O preço pago para se juntar às fileiras do mal supremo parece ser a perda da capacidade de felicidade verdadeira ou de realização humana, deixando para trás apenas desejos distorcidos e executados de maneira vazia.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.