A ideologia sombria dos clãs shinobi em demon slayer: Um desvio ou a regra?

A narrativa de Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) frequentemente foca no combate épico entre Caçadores de Demônios e Onis, mas os bastidores do mundo ninja revelam uma faceta obscura e complexa. Um ponto de fricção central reside na experiência de vida de Tengen Uzui, o Hashira do Som, cuja família shinobi adotava preceitos extremamente cruéis.

Os exemplos mencionados sobre a família Uzui revelam uma ideologia desumana: a ausência total de empatia, a eliminação de irmãos para ascender em força, e a visão das esposas apenas como instrumentos reprodutivos. Todo esse trauma moldou profundamente o caráter e as motivações de Tengen, fazendo surgir um questionamento fundamental dentro do universo estabelecido da obra: essa doutrina de ferocidade e desumanidade era um padrão seguido por todos os clãs shinobi da época, ou era uma exclusividade da linhagem Uzui, talvez imposta pelo pai de Tengen devido ao declínio dessa classe de guerreiros?

O contexto da queda shinobi

O período retratado em Demon Slayer é um tempo de transição no Japão, onde as estruturas tradicionais de guerra e espionagem estavam em declínio, sendo gradualmente substituídas por métodos mais modernos de policiamento e controle. A filosofia da família Uzui, voltada para a sobrevivência a qualquer custo, pode ser interpretada como uma adaptação extrema a essa realidade em extinção. Clãs que dependiam de métodos secretos e brutalidade para manter sua relevância poderiam ter solidificado ideais mais radicais.

Sem evidências diretas que confirmem que outros clãs shinobi, além do de Tengen, operavam sob a mesma doutrina de fratricídio e desvalorização humana, é plausível que a linhagem Uzui representasse um extremo particular. A dureza do chamado mundo shinobi, focado em segredo e execução de tarefas, naturalmente exigiria um certo nível de desapego. Contudo, a total anulação da humanidade, como visto com Tengen, sugere um reforço ideológico específico, talvez uma tentativa desesperada de preservar a linhagem em um mundo que já não necessitava mais de seus métodos.

A distinção entre clãs e a sobrevivência

A ausência de outras referências explícitas sobre a ideologia dos clãs que podem ter existido sugere que o autor optou por focar o trauma exclusivamente na família Uzui para desenvolver um de seus Pilares mais carismáticos. Enquanto o Corpo de Caçadores de Demônios, apesar de rígido, baseia-se na proteção da humanidade, a escola shinobi de Tengen parecia operar sob um código moral invertido. Diferentes clãs poderiam ter abordagens variadas de secretismo e treinamento, mas a crueldade interna observada nos Uzui permanece um ponto isolado, destacando a cicatriz pessoal de suas origens.

A jornada de Tengen, marcada pela fuga e pela rejeição desses ensinamentos bárbaros em favor de proteger suas esposas e seus companheiros, sublinha o contraste entre a antiga ética shinobi e os novos valores de lealdade e humanidade defendidos pelos protagonistas da série, como exemplificado pela postura do próprio Tanjiro Kamado.