A identidade de alluka zoldyck: Análise das nuances de gênero no universo de hunter x hunter

A figura de Alluka Zoldyck, um dos personagens mais enigmáticos e poderosos do mangá e anime Hunter x Hunter, criado por Yoshihiro Togashi, continua a ser um ponto focal de discussões aprofundadas relativas à sua identidade de gênero.

No cerne dessa análise está a coexistência de dois aspectos cruciais: a identidade pessoal de Alluka e a percepção externa, frequentemente ligada à entidade que a acompanha, Nanika.

A perspectiva familiar e a designação oficial

Dentro da estrutura narrativa da família Zoldyck, historicamente avessa a demonstrações de afeto e focada em pragmatismo, a distinção entre Alluka e Nanika, o ser com poderes absolutos, é tratada com uma estranheza quase clínica. No entanto, evidências textuais diretas sugerem enfaticamente uma identidade feminina para a criança.

Um dos argumentos mais fortes reside no tratamento dado por seu irmão mais velho, Killua Zoldyck. A interação entre Killua e outros membros da família tradicionalmente resistentes em reconhecer Alluka como uma garota levanta uma questão fundamental sobre quem tem a autoridade para definir a identidade de um indivíduo. A afirmação explícita de Killua sobre o gênero de Alluka serve como uma declaração de apoio e validação para a menina.

A dualidade entre 'Nanika' e a identidade própria

A dificuldade que alguns fãs encontram em empregar pronomes femininos para Alluka frequentemente deriva da associação dessa personagem com Nanika, vista como uma entidade caótica ou um "monstro do inferno". Em determinados contextos, a referência a Alluka como um "isso" (it) surge da relutância em humanizar Nanika, o que involuntariamente desumaniza a própria Alluka. Observadores argumentam que referir-se a ela com pronomes neutros ou masculinos é uma forma de refletir essa dicotomia percebida, ignorando o desejo expresso de Alluka e o reconhecimento de Killua.

Essa percepção externa, que por vezes trata Alluka como um recipiente para Nanika, cria uma barreira à aceitação de sua identidade biológica e autoafirmada. Em narrativas complexas como Hunter x Hunter, onde a manipulação de emoções e a definição de realidade são temas centrais, a forma como os personagens são nomeados e tratados é um indicador rico da profundidade temática da obra.

A validade da autoidentificação, especialmente em um cenário onde poderes extraordinários a envolvem, se torna um ponto de discussão importante sobre representatividade e a importância do reconhecimento interpessoal. A posição de Killua, que persistentemente a trata como sua irmã, funciona como a âncora moral da narrativa em relação a essa personagem, sublinhando que a verdadeira identidade reside na essência da pessoa, independentemente das circunstâncias ou das crenças de terceiros.