Finais sombrios e o peso do ciclo em berserk: A luta de guts contra o destino

A jornada épica de Guts em Berserk, marcada por violência, sacrifício e a busca incessante por vingança contra Griffith, levanta questões complexas sobre o desfecho que aguarda o protagonista e o mundo ao seu redor. Analisar se a obra atingirá um clímax satisfatório envolve ponderar as hierarquias de poder apresentadas por Kentaro Miura, especialmente ao considerar entidades além da Mão de Deus.

A derrota de Griffith, o principal antagonista para Guts, parece ser o objetivo imediato e mais palpável. No entanto, a própria estrutura do universo de Berserk sugere obstáculos muito maiores. A Ideia do Mal, a força motriz por trás da causalidade e o verdadeiro poder que governa o mundo, representa uma barreira que sequer é totalmente compreendida por Guts. É plausível que o espadachim negro sequer saiba da existência dessa entidade primordial, dependendo de revelações que poderiam ter sido transmitidas por aliados como o Cavaleiro da Caveira.

O preço da vitória e a natureza do herói em Berserk

Quando se discute um final feliz em narrativas densas como esta, é preciso definir o escopo dessa felicidade. Seria um desfecho positivo apenas para Guts, permitindo-lhe finalmente encontrar paz, ou exigiria uma restauração da ordem mundial? Muitos analistas especulam que Guts, movido pela sobrevivência e pela proteção de seus companheiros restantes, não se encaixaria no arquétipo clássico de herói salvador da humanidade. Sua motivação sempre foi pessoal, uma resposta visceral à tragédia do Eclipse.

Ainda que Guts consiga cumprir sua vingança contra Griffith e talvez até enfraqueça a Mão de Deus, o legado do mal poderia persistir. Um dos cenários mais pessimistas imaginados para o futuro da série envolve a substituição de papéis antigos. Se Guts, após anos de esforço e sofrimento, se tornar o novo Cavaleiro da Caveira, um guardião condenado a lutar contra a escuridão, a vitória seria efêmera.

Nesse cenário distópico, se Griffith fosse a última manifestação da Mão de Deus a perdurar, ele poderia, ao longo dos milênios, arquitetar meticulosamente a ascensão de novos Apóstolos e novos membros para seu bando. Isso resultaria em um ciclo eterno de sofrimento e desespero, onde o sacrifício de Guts apenas o co-optaria para o papel de vigilante, sem nunca quebrar a engrenagem cósmica. A narrativa, portanto, pode caminhar para um final agridoce, onde a justiça pessoal é alcançada ao custo de um novo e terrível destino para o protagonista.