A filosofia da jornada em hunter x hunter: O valor da caçada contínua sobre o final definitivo

A obra Hunter x Hunter, criada pelo mangaká Yoshihiro Togashi, levanta debates recorrentes não apenas sobre seus desenvolvimentos de enredo, mas também sobre sua própria continuidade e conclusão. Uma linha de pensamento emergente, ancorada em metáforas presentes na própria narrativa, sugere que a busca por um ponto final definitivo pode ser contrária à essência da série.

O argumento central se baseia na jornada de Gon Freecss e nas lições aprendidas ao atingir o topo de uma aparente barreira narrativa. Conceitualmente, atingir o cume da árvore simboliza encontrar uma resolução, mas o efeito que isso provoca é um convite para parar de olhar apenas para o destino. A satisfação, sob essa ótica, reside na apreciação do percurso conhecido e na aceitação de que, em certos contextos, não há um fim claro ou visível no horizonte imediato.

A caçada como propósito central

A própria definição de um Hunter em Hunter x Hunter é a de alguém focado em um objetivo, uma perseguição constante. A mentalidade de um caçador, segundo essa interpretação, requer um foco incessante na ação presente, não na especulação sobre quando essa ação cessará. A regra implícita seria a de “sempre estar na caçada”, valorizando o ato de buscar mais do que a posse do que foi encontrado.

Isso fornece um conforto filosófico para aqueles que acompanham o mangá, especialmente considerando a notória intermitência na publicação dos capítulos. Em vez de focar no ritmo de produção ou nas circunstâncias externas que afetam o criador, a apreciação se volta para o estado atual da obra e a qualidade do material entregue até o momento. A ideia é que, mesmo que eventos imprevistos levem a uma interrupção abrupta, o valor intrínseco da jornada percorrida permanece intacto.

A satisfação do criador e do leitor

Um aspecto crucial dessa visão é a priorização da satisfação do autor. O desejo primordial de muitos admiradores passa a ser não a conclusão acelerada da trama, mas sim a garantia de que Togashi, criador de universos complexos como o Nen e a Sociedade dos Hunters, consiga trabalhar em seu próprio ritmo e da maneira que lhe for mais satisfatória criativamente. A autenticidade de sua abordagem é o que, em última instância, consolidou a profundidade da série.

Portanto, a disposição em continuar acompanhando Hunter x Hunter se transforma em um pacto com a filosofia da obra: aceitar a jornada incerta. É um compromisso em percorrer o caminho ao lado do criador, independentemente de quão longa ou definida a estrada final se mostre, celebrando a experiência do presente em vez de aguardar ansiosamente por um ponto final no futuro.