A estética divina de griffith: Analisando a representação visual do personagem após seu renascimento em berserk

A transformação de Griffith em Femto e seu subsequente retorno como uma figura messiânica tem sido marcada por uma arte visualmente estonteante.

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Analista de Mangá Shounen

20/10/2025 às 15:00

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A estética divina de griffith: Analisando a representação visual do personagem após seu renascimento em berserk

A trajetória de Griffith em Berserk, especialmente após seu renascimento como Femto e sua posterior ascensão como a figura messiânica do Condado de Falconia, é um ponto focal para análises visuais na obra de Kentaro Miura. Observadores atentos notaram um padrão estético marcante nas vinhetas que retratam o personagem neste período, que se estende do clímax do Arco da Convicção até os volumes mais recentes da série.

As páginas de Griffith pós-renascimento são consistentemente ilustradas com uma beleza quase sobrenatural. Há um foco acentuado em sua aparência etérea, com linhas limpas, composições grandiosas e um uso da luz que beira o misticismo católico ou angelical. Essa escolha artística não é acidental; ela serve para reforçar a dualidade e o poder que o personagem representa na narrativa atual.

O contraste entre o humano e o divino

Antes de sua metamorfose, Griffith era retratado como um líder carismático, mas humano. Sua beleza era terrena, ligada à sua ambição e desejo de ter um reino. Com a ascensão de Femto, o membro da Mão de Deus, e o retorno subsequente de Griffith em sua nova forma idealizada, a arte reflete uma transcendência. Ele não é mais apenas um homem; ele é uma entidade quase divina, um salvador profetizado.

Essa representação visual serve para sublinhar a manipulação psicológica que acompanha sua chegada. A beleza extrema atua como uma armadilha visual, distraindo os personagens do sacrifício horrível que o tornou possível. A estética magnifica, quase irreal, espelha a forma como ele é percebido pelo povo de Falconia, que vê nele a salvação da humanidade e não o demônio que Guts e Casca reconhecem.

A maestria do traço de Kentaro Miura

Mesmo após o falecimento de Kentaro Miura, a equipe de seu estúdio, liderada por Kouji Mori, tem mantido um padrão de qualidade impressionante. A forma como Griffith é desenhado, muitas vezes em contraste direto com as figuras sombrias e brutais de Guts ou as paisagens caóticas da guerra, enfatiza o isolamento celestial de Griffith. Os painéis que o destacam frequentemente utilizam perspectivas amplas, dando a sensação de que o leitor está olhando para uma pintura renascentista, onde a perfeição estética esconde uma verdade terrível.

A deliberada escolha de transformar cada aparição de Griffith em um momento de deslumbramento visual intensifica o tema central da obra: a atração fatal que o poder absoluto e a beleza ilusória exercem sobre a natureza humana. Essa técnica artística transforma o personagem em um ícone visual, facilitando a narrativa de que ele pode ser tanto o anjo quanto o demônio que a história exige.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.