A verdadeira essência de berserk: Perseverança, autenticidade e a luta contra a opressão
Análise profunda revela que Berserk transcende a vingança, focando na resistência genuína contra sistemas cruéis.
Uma leitura atenta da obra Berserk, de Kentaro Miura, sugere uma profundidade temática que frequentemente é mal interpretada no debate popular. O cerne da narrativa parece se afastar de uma simples aceitação da crueldade inerente ao mundo, movendo-se em direção a uma defesa incisiva da perseverança na autenticidade humana.
Argumenta-se que a jornada de Guts não é sobre submeter-se ao caos ou aceitar as estruturas de poder, representadas pelos apóstolos que governam sem questionamento. Ao contrário, o mangá celebra a luta incessante para permanecer fiel a si mesmo, mesmo diante de adversidades cósmicas. Trata-se de ser uma pessoa empática, um ideal que Guts, em sua essência, representa, mesmo que essa postura o force a confrontar forças que beiram o divino e o demoníaco.
A evolução do protagonista e a busca por propósito
A trajetória do Espadachim Negro é marcada por fases distintas de desenvolvimento. Inicialmente, Guts é visto apenas como um mercenário sobrevivente, um soldado reativo. Um ponto de inflexão significativo ocorre após atos de violência que o marcam profundamente, levando-o a uma fase focada primordialmente na vingança contra aqueles que o feriram. Contudo, essa motivação se transforma gradualmente em algo mais elevado: o desejo de cuidar de Casca, um ato de altruísmo que exige um sacrifício constante e renovado.
A obra sugere que Guts jamais se contentaria com a mediocridade de uma vida conformista. A ideia de vestir um terno, acumular riquezas e encontrar satisfação nisso é vista como o oposto de sua natureza. Sua deserção de um posto nobre, percebendo a falsidade e o vazio daquela posição, espelha sua recusa em se tornar mais uma engrenagem no sistema. Ele busca um propósito maior.
O contraste com Griffith e o valor da integridade
A filosofia de Griffith serve como o contraponto perfeito a Guts. Enquanto o protagonista luta para manter sua humanidade e empatia, Griffith está disposto a pisotear qualquer um em nome da ascensão e do poder. Quem prioriza unicamente a aquisição de controle e utiliza os outros como degraus está, na verdade, mais alinhado com a frieza de Griffith do que com a luta resiliente de Guts.
É fundamental reconhecer a necessidade prática de trabalhar e buscar uma vida decente. No entanto, o texto argumenta que se curvar cegamente ao sistema, aceitando-o como o objetivo final e exibindo orgulho por essa submissão, não é sinal de força. Isso é, na visão interpretativa, uma rendição. A verdadeira força reside na disposição de lutar ativamente para construir um mundo melhor, rejeitando a pressão de se moldar ao que um mundo egoísta e implacável espera de nós. Essa é a luta impossível que Guts, o herói trágico, jamais hesitaria em abraçar.