A encruzilhada de griffith: O que teria acontecido se ele não tivesse sido preso?

Dentro da complexa narrativa de Berserk, um dos pontos de inflexão mais cruciais é a prisão e subsequente tortura de Griffith após seu encontro com a Princesa Charlotte. No entanto, se levarmos em conta o período imediatamente anterior a essa catástrofe, surge uma indagação fascinante sobre a trajetória do líder da Tropa do Falcão.

O ponto de partida para esta especulação é o estado emocional de Griffith após a partida de Guts. A fonte original aponta para uma desolação profunda e inexplicável por parte do carismático comandante. Seja pela perda de um subordinado vital, a quebra de sua projeção de controle sobre os outros, ou mesmo um profundo afeto não reconhecido, a realidade é que Griffith mergulhou em uma depressão significativa.

O peso da ausência e a ação impulsiva

Foi nesse estado de vulnerabilidade que Griffith, movido por um impulso incontrolável, buscou a Princesa Charlotte. Embora o ato tenha sido consensual, o envolvimento com a realeza resultou em sua prisão. O cânone estabelecido por Kentaro Miura mostra que este evento levou à destruição física de Griffith e ao desmantelamento sangrento de sua Tropa pelo Reino de Midland, conforme profetizado pela frase do rei: "O Falcão não voará mais".

Mas, e se esse passo condenatório nunca tivesse sido dado? Se a depressão pós-Guts fosse gerenciada de maneira diferente, sem o flagelo da prisão e tortura subsequentes, como o futuro líder da Mão de Deus teria se desenvolvido? A análise desse cenário alternativo revela caminhos dramáticos, todos ancorados naquela melancolia persistente.

Possíveis reflexos no líder

Uma depressão profunda, mesmo sem a tortura física extrema, teria afetado inevitavelmente o desempenho de Griffith como estrategista e líder. A Tropa do Falcão dependia imensamente de sua visão e carisma inabaláveis. Sem essa força motriz manifesta, a coesão do grupo poderia ter se erodido lentamente.

Uma das grandes questões levantadas é se Griffith teria buscado Guts imediatamente após sua partida, talvez numa tentativa desesperada de restaurar o pedaço perdido de seu sonho. Poderia a busca ter se tornado uma obsessão destrutiva, levando-o à loucura antes mesmo do Eclipse?

Outra hipótese é a deterioração gradual da saúde. O corpo de Griffith era frágil e sua ambição, monstruosa. Às vezes, a pressão mental interna é tão desgastante quanto a agressão externa. Um corpo já debilitado poderia ter sucumbido a doenças ou exaustão, parando seu avanço pacífico rumo ao topo da sociedade de Midland.

Este universo alternativo, livre do catalisador da prisão, sugere que a queda de Griffith não era inevitável pela força bruta, mas sim pelo seu estado psicológico fragilizado em um momento crítico. A narrativa, contudo, consolidou-se na tragédia, transformando a potencial melancolia em um calvário físico que, ironicamente, abriu as portas para sua transformação final e a ascensão do Rei Demônio.