Divergências profundas marcam o fandom de demon slayer: Relações, destino de personagens e adaptação em foco
A comunidade de Kimetsu no Yaiba enfrenta intensas polêmicas sobre shipps, decisões narrativas e o fim da obra de Koyoharu Gotoge.
A recepção de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba transcende as telas e páginas, revelando um núcleo de fãs profundamente engajado, mas também fragmentado por intensas disputas internas. Observam-se tensões significativas em relação às dinâmicas de relacionamento apresentadas, tanto as canônicas quanto as criadas pela própria base de admiradores.
Um dos pontos mais sensíveis reside na interpretação e aceitação dos pares românticos. Embora a obra estabeleça claramente certos casamentos, como a união polígama de Tengen Uzui com Hinatsuru, Suma e Makio, há uma resistência considerável por parte de alguns espectadores. O desejo de explorar casais alternativos, incluindo relações LGBTQIA+ ou arranjos poliamorosos, frequentemente colide com as decisões de roteiro estabelecidas pelo criador, Koyoharu Gotoge.
A polêmica dos 'shipps' alternativos
A paixão por determinados personagens leva à criação de inúmeros cenários hipotéticos. Um exemplo notório envolve a tentativa de encaixar Kyojuro Rengoku, um dos Hashiras mais populares, em arranjos românticos não oficiais. A sugestão de que ele pudesse ser um parceiro de Tengen, ignorando o status real deste último, ilustra a intensidade com que certos fãs tentam reconfigurar a estrutura das relações estabelecidas no mangá.
Além das disputas sobre quem fica com quem, existe um descontentamento generalizado sobre o tratamento dado aos arcos narrativos finais da história. Muitos sentem que o desfecho foi apressado, e a maneira como eventos cruciais foram abordados, tanto no mangá quanto na adaptação para o anime produzida pelo estúdio ufotable, não fez jus ao desenvolvimento construído anteriormente.
A perda de personagens queridos, em particular, gerou reações emocionais fortes. Para muitos, a morte de certos protagonistas ou coadjuvantes não foi satisfatória ou ocorreu em um ritmo que impediu a plena absorção do impacto narrativo, gerando um desejo de reescrita ou contestação das decisões editoriais finais.
A influência das criações de fãs
O universo de Kimetsu no Yaiba também é fértil para a criação de personagens originais (OCs) e universos alternativos (AUs) criados pelos próprios fãs. Essa produção criativa é um indicativo da profunda conexão que o público estabeleceu com o mundo demoníaco. Contudo, a fronteira entre a admiração pela obra original e a rejeição categórica do cânone se torna cada vez mais tênue, desafiando a forma como a base de fãs interage com o material oficial fornecido por Gotoge e o estúdio.
Essas tensões revelam características comuns em fandoms de longa duração, onde o investimento emocional nos personagens pode levar a uma forte resistência às conclusões definitivas, incentivando debates constantes sobre o que deveria ter sido e o que permanece como verdade narrativa.