Análise crítica sobre o destino final de personagens em kimetsu no yaiba: A disparidade entre daki e a mãe de sanemi

A aparente diferença no tratamento pós-morte entre a Demônio Daki e a mãe de Sanemi Shinazugawa levanta questões éticas profundas.

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Analista de Mangá Shounen

15/11/2025 às 17:42

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A narrativa de Kimetsu no Yaiba, embora repleta de ação e batalhas épicas contra demônios, frequentemente mergulha em complexidades morais profundas, especialmente quando se trata do destino final das almas. Um ponto que tem gerado reflexão é a disparidade percebida no destino pós-morte concedido à demônio Daki em comparação com a mãe de Sanemi Shinazugawa.

A questão central reside no conceito de redenção e responsabilidade. Daki, apesar de sua existência como demônio ter sido forçada por Muzan Kibutsuji, demonstrou um prazer notório em infligir dor e ceifar vidas humanas durante sua longa trajetória. Embora não tenha escolhido ativamente se tornar um demônio, sua subsequente conduta é marcada por crueldade ativa. Por outro lado, a mãe de Sanemi, embora citada em contextos dolorosos, é frequentemente associada à vitimização e ao desespero, não à escolha deliberada de cometer atos malignos contra inocentes.

O Critério de Redenção e a Justiça Espiritual

Em muitas narrativas fantásticas, a passagem para um estado de paz ou 'céu' depende de arrependimento genuíno ou de uma ausência de malevolência consciente na origem do sofrimento. A mãe de Sanemi, de acordo com as reconstituições apresentadas na obra, foi consumida pela loucura e pelo sofrimento extremo, sem exercer sua vontade para o mal contra seus próprios filhos. A sugestão de que ela lhe foi negado um descanso final, enquanto Daki, eventualmente, recebe algum tipo de libertação, força uma reavaliação sobre como a obra aborda a justiça espiritual.

Daki, por outro lado, teve sua história explorada, revelando uma jovem chamada Ume que foi vítima de circunstâncias cruéis antes de sua transformação. No entanto, a forma como ela reage a essas memórias e a maneira como ela abraça sua identidade como demônio sádica ao longo dos séculos levantam dúvidas sobre se a pena por atos cometidos sob a forma demoníaca deve ser aliviada puramente pela tragédia de sua origem. O prazer que ela derivava da morte de humanos é um fator que pesa contra uma absolvição total.

A Complexidade Moral dos Personagens Feridos

A série Kimetsu no Yaiba, escrita por Koyoharu Gotouge, é notória por humanizar até mesmo seus antagonistas mais cruéis. Personagens como Gyutaro e Daki têm suas histórias profundamente exploradas, mostrando o caminho tortuoso que os levou a se tornarem aquilo que caçavam. Essa abordagem detalhada visa mostrar que a maioria dos demônios não era intrinsecamente má, mas sim corrompida ou forçada a um ciclo de violência.

No entanto, a mãe de Sanemi representa uma figura diferente: uma vítima que, em seu sofrimento avassalador, cometeu atos terríveis, mas sem a consciência ou o deleite sádico que caracterizava demônios como Daki. Se a balança da justiça espiritual se inclina para aqueles que não desfrutaram ativamente do mal, a situação da mãe do Hashira das Névoas parece contradizer tal princípio. Analisar esses desfechos no universo da série convida a uma discussão sobre a intenção versus o resultado das ações, e onde a linha da culpa final deve ser traçada para aqueles que passaram por transformações involuntárias.

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Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.