A decepção com a animação de one punch man: A mediocridade como o maior vilão da terceira temporada
Após seis anos de espera, a nova temporada de One Punch Man gerou frustração, com foco na queda drástica na qualidade visual.

A espera de seis anos pela terceira temporada de One Punch Man intensificou a antecipação de uma legião de fãs que se apaixonaram pela primeira temporada, um marco que redefiniu o anime de ação. A série original não se sustentava apenas pela premissa do herói invencível, mas pela arte da animação elevada a personagem principal. Cada soco de Saitama era uma declaração visual, enquanto os movimentos de Genos eram sinfonias dinâmicas de cor e partículas. Essa excelência criou uma fidelidade que poucos fenômenos da cultura pop conseguem manter.
O abismo entre a expectativa e a realidade visual
A chegada da nova leva de episódios trouxe consigo um impacto negativo, marcado pela desilusão. O sentimento geral é de que o produto entregue é uma sombra pálida do que a franquia representa. O cerne da crítica reside na animação, que muitos consideram um desserviço à obra. A fluidez, o peso e o dinamismo impressionantes que antes caracterizavam as batalhas foram substituídos por cortes rápidos e quadros estáticos, numa tentativa aparente de mascarar a falta de movimento real. A qualidade visual parece instável, tremendo e sempre à beira de um colapso técnico.
Para uma franquia de sucesso colossal, com vendas robustas do mangá e uma base de fãs global fervorosa, a justificativa de um suposto orçamento limitado soa, para muitos, como um insulto à inteligência do público. A análise sugere que o problema transcende a questão financeira; aponta para falhas na gestão, priorização e, fundamentalmente, na paixão pela execução criativa.
A complacência criativa e a falta de ousadia
Há uma percepção de que a produção foi tratada como um item de linha de montagem, um produto a ser despachado no prazo, em vez de uma peça de arte que exigia cultivo e atenção minuciosa. A alma do projeto parece ter sido terceirizada, resultando em um espetáculo que evoca a sensação de ter sido produzido por amadores, e não pelo estúdio responsável por herdar uma das propriedades visuais mais vibrantes da última década. O conceito de mediocridade aceita surge como um contraponto direto à invencibilidade de Saitama.
O ponto mais doloroso para os observadores dedicados é ver personagens icônicos, como Garou, o Caçador de Heróis, reduzidos a sequências que mais parecem um álbum de fotos em movimento lento. Sua ameaça e ferocidade coreográfica se perdem em cortes truncados, desprovidos do impacto esperado. Questiona-se a ausência de ousadia necessária para superar o próprio legado de sucesso estabelecido nas temporadas anteriores.
Esta temporada é vista não apenas como uma decepção pontual, mas como um atestado de desrespeito ao material original e, acima de tudo, ao público que manteve a chama da franquia acesa durante os longos anos de hiato. É a prova melancólica de que, no universo de One Punch Man, o inimigo mais potente do herói invencível pode não ser um monstro de nível divino, mas a própria complacência criativa.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.