Análise: Danzo shimura funcionou como um bode expiatório para os erros de konoha?
A figura de Danzo Shimura é complexa; embora suas ações sejam condenáveis, surge o debate sobre seu papel como 'bode expiatório' para falhas sistêmicas da Vila da Folha.
A trajetória de Danzo Shimura na narrativa de Naruto é marcada por uma dualidade moral profunda. Reconhecido como um indivíduo com táticas questionáveis e uma sede de poder sombria, sua eliminação da linha de frente política traz um alívio aparente imediato para a estrutura de Konohagakure. Contudo, a forma como sua queda é apresentada levanta um questionamento crucial sobre seu verdadeiro papel na história: ele foi o único culpado pelos males da vila ou serviu como um conveniente bode expiatório?
É inegável que as ações de Danzo, especialmente através da Root/Ne, foram responsáveis por incontáveis atos de crueldade e desvio ético, culminando em manipulações pesadas no ciclo de poder da aldeia. Ele personificou a face mais sombria da ambição shinobi, agindo nas sombras para garantir a supremacia de Konoha a qualquer custo. No entanto, a narrativa sugere que, após sua derrota final, os problemas inerentes à vila seriam magicamente resolvidos, o que simplifica excessivamente a política interna.
A Continuidade das Sombras em Konoha
Um ponto central nessa análise é a permanência de outras figuras problemáticas no alto escalão. Se Danzo era o pivô de grande parte da corrupção ou das decisões moralmente falhas, a manutenção dos Anciãos de Konoha no poder simultaneamente à sua remoção sugere que as estruturas que permitiram sua ascensão e suas práticas ainda estavam intactas. Estes conselheiros, frequentemente retratados como tão ou quase tão moralmente comprometidos quanto Danzo em certos momentos, permaneceram influentes, indicando que o mal institucionalizado não desapareceu com um único indivíduo.
A ideia do bode expiatório surge quando um sistema complexo atribui toda a culpa a uma única entidade para evitar que a população ou os líderes restantes sejam confrontados com suas próprias responsabilidades coletivas. Danzo, com sua persona notoriamente vilanesca, tornava-o o alvo perfeito para absorver toda a discórdia e falha administrativa acumulada ao longo das décadas.
O Peso do Legado de Tobirama e Hiruzen
Muitas das políticas de vigilância e controle implementadas por Danzo têm raízes nas fundações estabelecidas pelos Hokages anteriores. A desconfiança intrínseca e a mentalidade de 'segurança acima de tudo' plantadas em Konoha, embora não totalmente responsabilidade de Danzo, foram drasticamente exacerbadas por ele. Contudo, as decisões tomadas, por exemplo, pelo Terceiro Hokage, Hiruzen Sarutobi, em relação à aceitação tácita ou conhecimento parcial das atividades de Danzo, mostram uma falha sistêmica na fiscalização do poder. A aceitação de que a moralidade da aldeia poderia ser 'limpa' apenas pela morte de Shimura ignora a cumplicidade passiva de outros líderes.
Em última análise, embora Danzo Shimura seja um vilão cujas ações mereceram julgamento e punição, a narrativa que o posiciona como a origem de todos os males de Konoha parece ser uma conveniência dramática. Ela permite que a aldeia avance para um futuro mais brilhante, simbolizado pela ascensão de Naruto Uzumaki, sem precisar desmantelar completamente as fundações políticas duvidosas que permitiram que ele existisse e prosperasse por tanto tempo.