A curiosa escolha dos caracteres numéricos nos olhos das luas superiores de kimetsu no yaiba

Um detalhe intrigante na visualização das Luas Superiores (Upper Moons) em Kimetsu no Yaiba reside na caligrafia dos algarismos inscritos em seus olhos. Em vez de empregar os kanjis numéricos padrão, mais frequentemente encontrados, o mangaká escolheu variações menos usuais para representar a hierarquia de poder dessas entidades demoníacas.

Por exemplo, ao observar Akaza, a Lua Superior Três, o caractere gravado em seu olhar não é o kanji comum para o número três, 三 (san). Em vez disso, é utilizado o caractere 参 (san), uma forma arcaica ou alternativa. De maneira similar, no caso da Lua Superior Seis, Gyutaro, o algarismo exibido é frequentemente 陸 (roku), em vez do kanji mais usual para seis, 六.

A diferença entre os kanjis

Essa distinção revela um profundo mergulho na complexidade da língua japonesa e sua escrita. Os kanjis utilizados para contagem simples cotidiana e os caracteres empregados formalmente ou em contextos específicos diferem significativamente. O uso de caracteres como 参 e 陸 sugere uma intenção deliberada de conferir um ar de antiguidade, formalidade extrema ou um simbolismo oculto à marcação das Luas Superior.

No sistema de escrita japonesa, existem diferentes conjuntos de kanjis para números, dependendo do contexto. Os chamados daiji (ou kin'yōji), que incluem caracteres como 壱 (um), 弐 (dois), 参 (três), são amplamente conhecidos por serem usados em documentos financeiros e legais para prevenir fraudes, já que suas formas são mais difíceis de serem alteradas do que os números simples (一, 二, 三).

A aplicação desses daiji ou seus análogos específicos, como os vistos nas Luas Superiores, confere peso e solenidade à sua classificação. Não se trata apenas de indicar a posição; é uma declaração visual de poder estabelecido e inquestionável, digno da mais alta formalidade cerimonial. Enquanto os humanos e até mesmo alguns demônios de baixo escalão podem usar a numeração padrão, a elite demoníaca, sob o comando de Muzan Kibutsuji, é marcada com um sistema de escrita que evoca tradição e permanência.

Essa atenção ao detalhe caligráfico acrescenta uma camada sutil, porém significativa, à construção do universo de Kimetsu no Yaiba, reforçando a hierarquia absoluta dentro da corte demoníaca. A escolha da fonte, portanto, funciona como um código visual que separa os demônios mais poderosos dos demais existentes no mundo, ligando-os a uma tradição de escrita ritualística e perigosa.