Críticas analisam o final de naruto: A coerência da redenção de sasuke e a natureza mercadológica da conclusão

A conclusão de grandes sagas de mangá e anime frequentemente gera debates acalorados, mas poucos finais foram tão escrutinados quanto o de Naruto. Um olhar mais maduro sobre a obra, anos após sua exibição, realça pontos de fricção na narrativa final, especialmente no que tange ao destino de personagens centrais como Sasuke Uchiha e a motivação por trás das decisões criativas de Masashi Kishimoto.

Para muitos fãs de longa data, a transição do tom narrativo da série, especialmente após o meio de Shippuden, marca um ponto de inflexão. Inicialmente, a obra apresentava um mundo ninja que, apesar de fantástico, carregava um peso de realismo nas consequências de conflitos e traumas infindáveis. A jornada inicial explorava com sucesso a dureza da vida ninja e a dificuldade de escapar de ciclos de ódio, temas que ressoavam fortemente com a audiência.

A contradição na redenção de Sasuke

O ponto mais sensível para muitos críticos da conclusão reside na resolução do conflito entre Naruto Uzumaki e Sasuke Uchiha. O ato final, no qual Sasuke admite a derrota para Naruto, é visto como um rompimento dramático com o desenvolvimento estabelecido do personagem. Argumenta-se que, dada a profundidade de seu trauma e sua visão de mundo niilista, Sasuke jamais admitiria verbalmente a perda, independentemente do quão devastador fosse o combate físico.

A ideia de que o Talk no Jutsu - a capacidade de Naruto convencer o oponente pelo discurso - anula traumas profundos e motivações radicais é frequentemente criticada hoje como um recurso simplista. Se a história prometia retratar um mundo cruel, onde as coisas nem sempre saem como planejado, como afirmava o próprio Madara Uchiha, o final feliz e conjunto de Naruto e Sasuke parece dissonante com essa premissa.

A escolha trágica versus o apelo comercial

A análise sugere que um final mais impactante, e talvez mais fiel à construção inicial da narrativa, envolveria sacrifícios maiores, como a morte de um dos protagonistas centrais. A permanência de Sasuke, que seguiu um caminho de destruição intensa, ao lado de Naruto, cria um cenário de alta felicidade que contrasta com a dureza esperada. O argumento central é que essa decisão suavizada pode ter sido influenciada pela necessidade mercadológica de garantir uma audiência estável para futuros projetos, como a continuação focada em Boruto, onde todos os personagens principais precisam estar vivos.

Comparando com as profundas perdas sofridas ao longo da série, como a morte de Neji Hyūga, que muitos consideram ter sido subvalorizada no contexto do final épico, a sobrevivência universal dos elementos centrais é vista como uma concessão ao entretenimento comercial em detrimento de uma conclusão artisticamente mais ousada. A obra, que tinha potencial para alcançar um status de obra-prima incontestável pela sua complexidade inicial, é hoje vista por alguns setores como refém de decisões tomadas visando a longevidade da franquia lucrativa.