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A criatividade brasileira em ação: A arte de criar apelidos irreverentes para personagens de one punch man

A dinâmica social de apelidar colegas, aplicada ao universo de One Punch Man, revela a peculiar genialidade humorística do público.

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Analista de Mangá Shounen

30/12/2025 às 09:25

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A cultura do apelido, especialmente no ambiente escolar brasileiro, é uma forma intrínseca de interação social, muitas vezes marcada pelo humor ácido e pela observação perspicaz de traços marcantes. Quando essa dinâmica é aplicada a figuras icônicas de animes populares, como One Punch Man (OPM), o resultado é um exercício fascinante de criatividade e adaptação cultural. A ideia central reside em imaginar como heróis e vilões complexos seriam rebatizados se estivessem inseridos no contexto informal de uma sala de aula comum.

O universo de OPM é rico em personagens visualmente distintos e com poderes extremos, características que servem como combustível ideal para a criação de alcunhas que fogem do óbvio. Personagens com aparências exageradas ou comportamentos peculiares inevitavelmente atraem nomenclaturas simplificadas e jocosas, refletindo a maneira direta com que a sociedade brasileira lida com o diferente.

A adaptação do heroísmo ao cotidiano

A transposição dessas figuras lendárias para o cenário de uma escola pública demanda uma desconstrução de suas grandezas épicas para focar em características superficiais ou comportamentais. Pensemos em Saitama, o protagonista conhecido por resolver qualquer ameaça com um único soco. Em um ambiente cotidiano, seu visual simplório e a aparente falta de esforço poderiam render apelidos que satirizam sua força avassaladora. Nomes que sugiram preguiça ou desinteresse, como 'O Cara Sem Ânimo' ou 'Só Mais Um', contrastam comicamente com seu poder real.

Já personagens com traços mais visíveis ou bizarros oferecem um campo mais fértil para a zombaria construtiva. A complexidade estética de alguns membros da Associação de Heróis ou dos monstros da Casa da Evolução exige que a criatividade popular selecione o detalhe mais chamativo. Um herói com um capacete desproporcional, por exemplo, pode ser facilmente reduzido a um termo que descreve apenas aquele acessório, ignorando o heroísmo em prol da brincadeira.

O humor como ferramenta de análise

Esse tipo de exercício lúdico não se trata apenas de rir; ele funciona como uma lente analítica sobre a obra. Ao tentar encurtar um nome ou um conceito complexo em uma única palavra, o público demonstra qual aspecto do personagem ressoou mais fortemente com a cultura local. A facilidade em criar apelidos para Genos, por exemplo, pode residir em sua natureza ciborgue, gerando termos que remetem a eletrônica ou robótica, traduzindo a tecnologia avançada para a linguagem acessível do dia a dia.

O foco da brincadeira sempre recai sobre a identificação. Quais seriam os apelidos para heróis de Classe S que falham em demonstrar poder proporcional ao seu ranking? A tendência é associar a frustração ou a aparência à alcunha. Esse fenômeno revela como narrativas de fantasia globalizadas são incessantemente reprocessadas e 'abrasileiradas' pelo público, transformando a admiração pelo material original em uma forma única de humor participativo e altamente localizada.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.