A contradição de farnese: Como o papel de líder feminina nos cavaleiros da corrente de ferro se encaixa no mundo de berserk

O papel de Farnese como comandante feminina dos Cavaleiros da Corrente desafia a misoginia aparente do universo Berserk, levantando questões sobre as normas sociais da obra.

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Analista de Mangá Shounen

05/12/2025 às 04:25

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A contradição de farnese: Como o papel de líder feminina nos cavaleiros da corrente de ferro se encaixa no mundo de berserk

A personagem Farnese, do aclamado mangá Berserk, apresenta uma notável contradição em relação ao tratamento da misoginia dentro do seu universo fictício. Antes de sua jornada de redenção ao lado de Guts, ela ocupava a posição de comandante da organização conhecida como os Cavaleiros da Corrente de Ferro (Holy Iron Chain Knights).

O ponto de questionamento reside na estrutura dessa ordem militar específica. Documentações internas da obra revelam que, por tradição histórica dentro do contexto de Berserk, o líder ornamental dos Cavaleiros da Corrente de Ferro deveria ser uma mulher. Isso cria um paradoxo, visto que a narrativa frequentemente expõe o preconceito estrutural contra mulheres fortes no mundo medieval retratado.

O Machismo Latente no Mundo de Berserk

A realidade social de Berserk, especialmente durante os arcos iniciais, é marcada por um severo sexismo. Um exemplo notório é a forma como Casca era tratada por seus contemporâneos no Bando do Falcão. Ela enfrentava comentários desumanizadores e ameaças de violência sexual por parte de inimigos, evidenciando que o machismo era uma força social estabelecida na Tapeçaria do mundo criado por Kentaro Miura.

Diante desse cenário onde mulheres com poder militar enfrentam intensa hostilidade social e sexual, a ascensão de Farnese ao alto escalão de uma instituição religiosa e militar levanta a necessidade de analisar as nuances da sociedade de Berserk. Se a misoginia é palpável em outros setores, por que a liderança dos Cavaleiros da Corrente é reservada, por tradição, ao feminino?

A Exceção que Explica a Regra

A resposta reside, provavelmente, na natureza singular e isolada dessa ordem cavaleiresca. Enquanto outras facções, como exércitos mercenários ou a nobreza secular, refletem padrões mais próximos das sociedades medievais históricas (nas quais o comando militar era estritamente masculino), os Cavaleiros da Corrente de Ferro parecem operar sob um conjunto distinto de dogmas e tradições.

A exigência de que uma mulher lidere a ordem pode ser uma forma de ironia sombria ou um mecanismo de controle dentro da própria Igreja Sagrada do Sagrado Círculo. Embora permitido que uma mulher comandasse esta unidade específica, isso não invalidava o preconceito geral que Casca e outras mulheres sofriam nas esferas de poder mais amplas do reino de Midland. A posição de Farnese parece ser um privilégio dentro de uma estrutura religiosa específica, e não uma aceitação generalizada da liderança feminina no mundo da obra.

Essa distinção ajuda a contextualizar as dificuldades que Farnese enfrentou ao tentar exercer autoridade, mesmo sendo a comandante, percebida inicialmente com desconfiança por seus próprios subordinados, que viam a cavalaria como um domínio majoritariamente masculino, apesar da tradição.

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Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.