A complexidade moral do vice-almirante garp: Analise sobre seus ideais e inações em one piece

A longa e complexa jornada de Monkey D. Garp dentro da Marinha de One Piece inspira um debate profundo sobre a natureza da justiça e o preço do status quo. Tradicionalmente visto como um bastião da retidão, o vice-almirante exemplifica a crença de muitos Marines em sua própria versão de justiça, focada na proteção dos inocentes.

Garp é, inegavelmente, um indivíduo dedicado a salvaguardar a população civil, sendo o tipo de força que se deseja ter como aliada contra elementos destrutivos. No entanto, a narrativa de Eiichiro Oda o apresenta como um homem repleto de contradições morais significativas, especialmente quando confrontado com as políticas sombrias do Governo Mundial.

As Falhas Estruturais do Herói da Marinha

O cerne da análise reside na inatividade de Garp diante de segredos obscuros aceitos pela organização à qual ele pertence. Este é um homem que criou três indivíduos - Portgas D. Ace, Luffy e Sabo - que se tornaram adversários diretos do Governo Mundial. Ele ostenta o título de Herói da Marinha, enquanto seu neto rejeita veementemente qualquer aclamação heroica.

Argumenta-se que o conhecimento de Garp sobre atrocidades como escravidão, genocídios, pobreza imposta por tributos e assassinatos seletivos de crianças (como no caso dos filhos de Gol D. Roger) é total. Apesar disso, ele opta por permanecer no corpo militar. Essa permanência sugere uma priorização da segurança e da ordem acima da liberdade e da revolução.

Um ponto crucial de discórdia é sua postura durante eventos traumáticos, como visto no arco de Marineford. Garp observou a tentativa de execução de seus netos e, após a libertação de Ace, foi forçado a encarar a morte de seu filho adotivo, Sabo, que morreu tragicamente ao proteger Luffy. Isso sem mencionar que ele serve diretamente sob o comando de Akainu, o homem que efetivamente causou a morte de Ace ao pressionar para eliminar Luffy.

Segurança versus Liberdade na Justiça de Garp

A força de Garp e seu status icônico como 'Herói' garantem-lhe uma margem de manobra que ele utiliza para manter as mãos 'limpas' em suas ações diretas. Ele pode escolher se afastar de atrocidades sistêmicas, mas essa omissão é interpretada como um endosso passivo às ações do Governo Mundial como um todo. Sua filosofia parece estar alinhada com a ideia de que a estabilidade e a proteção dos inocentes, mesmo que à custa da liberdade individual e da verdade, são a forma mais elevada de justiça. Ele sacrifica a liberdade em nome da segurança, alinhando-se, por inação, com os opressores.

A dicotomia entre Garp e seu pai biológico, que se tornou um rebelde após os eventos em God Valley, reforça essa tensão. Enquanto um buscou a libertação através da rebelião, o outro permaneceu no sistema, acreditando que poderia exercer uma influência benéfica de dentro. Essa escolha define a complexidade do personagem, transformando-o em um símbolo da luta interna entre a lealdade institucional e a verdade moral pessoal no universo de One Piece.