A complexa natureza de femto e o renascimento de griffith em berserk: Uma análise da dualidade
A transição de Griffith para sua forma divina como Femto levanta questões cruciais sobre limites dimensionais e identidade no universo de Kentaro Miura.
A figura enigmática de Griffith, após sua ascensão através do Eclipse Sagrado e sua transformação no quinto Membro da Mão de Deus, Fenômeno conhecido como Femto, gera uma das maiores discussões conceituais na narrativa do mangá Berserk. A confusão central reside na fronteira tênue entre a identidade demoníaca de Femto e o renascimento subsequente de Griffith em um corpo humano físico.
Uma das principais indagações aborda a limitação espacial de Femto. É o ser divino, o avatar da ambição manifestada, restrito exclusivamente ao reino astral? O reino astral, ou mundo dos espíritos, é o plano onde as entidades demoníacas exercem maior influência e onde o sacrifício de Guts e a Casca ocorreu. Entender se houve uma liberação ou projeção de sua essência para o plano físico, ou se Femto em si é indissociável deste plano, é fundamental para compreender a estratégia atual de Griffith.
A Reencarnação e a Mudança de Forma
O renascimento de Griffith como um ser humano, dotado da memória e da consciência de seu eu anterior, mas preso em uma forma temporal, complica ainda mais o entendimento. A questão se desdobra em: este novo corpo humano é meramente um recipiente temporário, ou Griffith possui a capacidade de alternar sua manifestação física à vontade entre a forma humana e a entidade Femto?
Na cosmologia criada por Kentaro Miura, a forma é muitas vezes um reflexo do poder e da intenção. Femto, como um deus-demônio, representa o ápice da não-existência e do desejo, uma entidade que transcendeu as leis da causalidade conhecidas. Seu retorno em forma humana sugere uma jogada estratégica, talvez necessária para interagir diretamente com o mundo físico e manipular eventos sem atrair a atenção imediata que uma aparição de um Membro da Mão de Deus traria.
Portanto, a interpretação dominante aponta para uma unidade essencial com dualidade manifesta. Griffith e Femto não são seres inteiramente separados, mas sim faces da mesma entidade: Griffith é o hospedeiro físico reencarnado, enquanto Femto é a forma espectral, a essência imortal e divina forjada pelo Behelit Rubro. A saída de Femto do reino astral parece ter se consolidado através da posse e da canalização de energia contida no novo corpo humano.
Essa capacidade de transição sugere um controle sofisticado sobre sua própria existência metafísica. Se ele pode se manifestar fisicamente através de um receptáculo mortal, isso implica que a barreira entre o físico e o astral pode ser atravessada sob certas condições, não apenas por ele, mas possivelmente como um poder intrínseco à sua nova natureza após a ascensão. Para os admiradores da obra, entender essa fluidez é chave para decifrar o próximo grande movimento desta figura complexa, que usa a fragilidade humana para arquitetar um novo reino sob seu comando, como detalhado em análises sobre o arco mais recente do mangá.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.