Comparativo entre 'pluto' e 'monster': O dilema de fãs ao explorar a obra do mesmo criador

A relação entre as obras de um mesmo autor frequentemente gera debates acalorados entre o público, especialmente quando há grandes expectativas baseadas em sucessos anteriores. Este cenário se manifesta claramente no contexto das adaptações de mangás de Naoki Urasawa, onde Monster é posto lado a lado com Pluto, levantando preocupações sobre similaridades estilísticas e de desenvolvimento de trama.

Um ponto central de insatisfação expressado por alguns espectadores de Pluto reside no clímax da narrativa. Relatos indicam frustração com a resolução dos mistérios complexos que cercaram os assassinatos. A expectativa era de um antagonista agraciado com inteligência superior, habilidades avançadas como metamorfose, super velocidade, ou mesmo a capacidade de manipulação temporal, elementos frequentemente associados a thrillers de alto nível.

A decepção com o antagonista final de 'Pluto'

Em vez disso, a conclusão de Pluto teria apresentado um adversário que, apesar de sua invulnerabilidade física ou força bruta - descrito metaforicamente como um "robô gigante" -, carecia da profundidade psicológica esperada. A dificuldade em acreditar que uma entidade daquele porte passasse despercebida durante a trama também é citada como um fator que enfraqueceu a imersão.

Além da resolução do mistério central, a previsibilidade de certos arcos dramáticos é criticada. Especificamente, nota-se um padrão repetitivo no desenvolvimento dos robôs secundários, onde uma trágica história de fundo é sistematicamente apresentada momentos antes de sua destruição, tornando o impacto emocional menos potente com a recorrência.

'Monster' e a sombra de 'Death Note'

Diante desse panorama, a atenção se volta para Monster, uma série de 48 episódios também concebida por Urasawa. A grande questão que paira é se a abordagem narrativa de Monster se assemelha mais à complexidade psicológica de Pluto ou se, por coincidência temporal de produção, ela se alinha mais ao estilo de obras consagradas como Death Note, um título que obteve grande aclamação e que foi produzido na mesma época.

Monster, que acompanha a jornada do renomado neurocirurgião Dr. Kenzo Tenma em sua caçada ao sociopata Johan Liebert, é conhecido por sua densidade temática e exploração profunda da moralidade, do mal e da natureza humana. A premissa de um thriller psicológico focado na ética médica e na perseguição de um indivíduo carismático, mas perigoso, sugere uma estrutura argumentativa mais alinhada com a sofisticação estrutural procurada por quem aprecia narrativas minuciosas, distanciando-se de soluções baseadas puramente em força de combate ou elementos fantásticos exagerados presentes em outras produções do gênero.

A extensão de 48 episódios de Monster, embora considerável, é vista como um indicativo de um desenvolvimento serial mais extenso para a construção de personagens e tramas paralelas, características que podem satisfazer aqueles que buscam o enredo detalhado que Pluto, em sua conclusão, não conseguiu sustentar para alguns observadores. A avaliação sobre o investimento de tempo na obra de Urasawa passa, portanto, pela expectativa de uma narrativa que priorize a complexidade humana sobre o espetáculo de força final.