A linha tênue entre o acaso e o destino na batalha final entre cavaleiro da espada e griffith
O momento da criação da Fantasia levanta dúvidas cruciais sobre se o Cavaleiro da Espada agiu por livre arbítrio ou foi parte de um plano maior.

Um dos momentos mais sísmicos na narrativa de Berserk é a transformação do mundo após o confronto decisivo entre Griffith, agora como Femto, e o Cavaleiro da Espada (Skull Knight) no alto do corpo colossal do Imperador Ganishka. Este evento não apenas resultou na criação da dimensão conhecida como Fantasia, mas também acendeu um debate sobre a natureza do livre arbítrio versus a causalidade implacável que rege o universo criado por Kentaro Miura.
O cerne da questão reside no ataque do Cavaleiro da Espada. Ao tentar destruir Griffith enquanto este estava fundido com Ganishka, a intervenção do poderoso guerreiro de armadura, que possuía uma história pessoal de rivalidade com Griffith, resultou na catálise necessária para que o novo ser alcançasse sua forma final e manifestasse o novo mundo.
A Ação do Cavaleiro da Espada e a Manifestação da Fantasia
A ação de perfurar o corpo grotesco de Ganishka, através do qual Griffith estava se projetando, foi interpretada por muitos como um ato de vingança impulsivo por parte do Cavaleiro da Espada. Ele estava, afinal, profundamente ligado à tragédia de sua própria vida, que tem paralelos sombrios com a ascensão das mãos de uma entidade manipuladora de destino.
No entanto, a precisão e o resultado dessa intervenção levantam uma suspeita: Griffith, ciente de seu objetivo de criar um novo mundo para viver, teria orquestrado a situação? Será que o God Hand, ou mesmo o conceito do Causal Loop, antecipara a reação do Cavaleiro da Espada, transformando sua fúria em uma ferramenta essencial para seu plano de manifestação?
Causalidade versus Escolha Pessoal
No universo de Berserk, a causalidade é uma força quase onipotente, o caminho predefinido que guia os eventos, muitas vezes esmagando a agência individual. A ascensão de Griffith ao God Hand e a subsequente formação da Fantasia parecem ser o ápice desse determinismo cósmico. O fato de o ataque do Cavaleiro da Espada, que deveria ser um golpe fatal, ter servido como catalisador para a concretização de um novo reino é profundamente irônico.
Se Griffith antecipou esse ataque, isso implicaria que mesmo a entidade mais obstinada em resistir à sua influência, o Cavaleiro da Espada, não passa de um fantoche involuntário em um espetáculo maior. Sua motivação, puramente pessoal e repleta de dor, foi instrumentalizada para cumprir uma profecia ou um desejo manifestado pelo Falcão. Isso sublinha a natureza cruel do destino na série, onde até mesmo os mais poderosos combatentes podem ser meros operadores em um mecanismo maior.
A ambiguidade reside na mente de Griffith. Ele agiu com a certeza de que o Cavaleiro da Espada o atacaria naquele momento exato, dada a junção de Ganishka e a iminência de seu próprio poder, ou é o mero fluxo da causalidade que sempre converge para a realização do sacrifício de Casca e a ascensão do Hawk of Light/Femto?
Independentemente da resposta, o ato do Cavaleiro da Espada selou o destino de milhões, forçando a fusão do plano físico com o astral e reescrevendo as regras da existência no mundo de Berserk. A luta subsequente entre essas duas forças lendárias na nova realidade parece ser o próximo passo inevitável nesse ciclo cósmico.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.