A busca por narrativas expansivas: O apelo de mundos complexos como os de dungeon meshi e made in abyss

O universo de mangás e animes que se destacam pela construção de mundos vastos e detalhados, com uma lore rica e criaturas originais, tem conquistado um público ávido por experiências imersivas. O interesse recai sobre obras que conseguem equilibrar a exploração de ambientes complexos com narrativas profundas, fugindo das fórmulas convencionais de fantasia.

O mangá Dungeon Meshi (ou Delicious in Dungeon), que aguarda sua adaptação para anime, e a série Made in Abyss são frequentemente citados como exemplos máximos dessa característica. O grande atrativo nessas produções reside na forma como o ambiente hostil não é apenas um cenário, mas uma força motriz ativa na narrativa. Em ambos os casos, a interação com esse ecossistema grandioso revela os mecanismos internos daquele universo.

A atração da exploração com consequências reais

Um ponto crucial que ressoa com os apreciadores é a sensação de perigo e a consequência tangível das ações dos protagonistas. Enquanto muitas narrativas de aventura em masmorras (dungeons) tendem a focar em batalhas espetaculares sem um impacto duradouro na realidade dos personagens ou do mundo, obras como Made in Abyss demonstram um compromisso sério com as repercussões físicas e psicológicas da jornada.

A protagonista de Made in Abyss, por exemplo, enfrenta a famosa “Maldição do Abismo”, um conceito que adiciona um peso dramático imenso a cada descida. Da mesma forma, Dungeon Meshi utiliza a culinária para explorar a ecologia da masmorra, forçando os personagens a entenderem profundamente a biologia das criaturas para sobreviverem, transformando o ato de comer em um exercício de conhecimento e risco.

Mundos vivos e temas maduros

A expansividade do mundo é complementada pela profundidade temática. Não se trata apenas de mapear territórios desconhecidos; é necessário entender as regras, as culturas e as histórias que moldaram esses locais. Essa característica transforma a aventura em uma experiência quase etnográfica para o espectador.

O desejo por mais títulos que sigam essa linha sugere um amadurecimento do público de fantasia, que agora busca narrativas que tratem das suas histórias com seriedade, onde a construção de mundo (worldbuilding) se entrelaça de forma orgânica com o desenvolvimento de personagens e os dilemas morais. O sucesso dessas obras demonstra a demanda por tramas onde a exploração de um mundo vasto e cheio de mistérios gera conhecimento, mas também impõe um custo elevado.