A busca por fantasia épica no anime: Explorando mundos profundos sem a armadilha do isekai
Entusiastas de alta fantasia buscam obras com construção de mundo orgânica, longe das narrativas de transporte para outros mundos.
O apreço por narrativas de fantasia é um fenômeno cultural duradouro, com obras monumentais como O Senhor dos Anéis, da Tolkien, e as franquias de jogos como The Elder Scrolls e The Legend of Zelda, servindo como pilares deste gênero.
No universo dos animes, essa busca por ambientações ricas e complexas, onde os personagens já estão inseridos na lógica daquele universo, tem levado a um foco em subgêneros específicos de fantasia medieval e épica. O interesse reside em histórias que exploram as leis, a logística e as culturas estabelecidas internamente, em oposição direta ao popular subgênero isekai.
A preferência pela imersão nativa
A exclusão do isekai - ou seja, histórias onde protagonistas são reencarnados ou transportados para um mundo de fantasia - sinaliza um desejo por personagens cujas habilidades e conhecimentos são intrínsecos ao ambiente que habitam. O público que aprecia essa vertente busca a profundidade de um mundo onde a magia ou a tecnologia fantástica são a norma, e não uma anomalia trazida por um forasteiro.
Esta preferência não é nova. Títulos clássicos com essa pegada já estabeleceram um alto padrão de qualidade em termos de desenvolvimento narrativo e artístico. Um dos exemplos mais citados que ilustra essa profundidade visual e temática é a adaptação em anime do mangá Berserk. A obra, com suas batalhas sombrias e seu cenário medievo-fantástico detalhado, ressoa profundamente com aqueles que admiram a complexidade e a seriedade do gênero.
Explorando a Alta Fantasia tradicional no anime
Quando analisamos o que constitui uma Alta Fantasia no contexto japonês de animação, nota-se a importância dada à construção do universo (worldbuilding). Obras que se encaixam nesse critério frequentemente dedicam tempo significativo para estabelecer sistemas de magia, geografia e política complexos, permitindo que a audiência se familiarize com as regras do novo lugar de maneira orgânica, junto com o protagonista.
Além de Berserk, outros exemplos notáveis, embora com abordagens distintas dentro da fantasia, são frequentemente recomendados quando se discute a ausência da temática de transporte. O desafio para os criadores é manter a escala épica e o senso de aventura, enquanto se aprofundam nas dinâmicas internas de reinos em conflito ou em jornadas perigosas, como observado em títulos que remetem à aventura clássica, muitas vezes lembrando a sensação de exploração encontrada em franquias de RPGs aclamadas.
A procura por animes que honrem a estrutura da fantasia clássica, focando no desenvolvimento de personagens que são produtos daquele local, continua a impulsionar a descoberta de joias narrativas que se estabeleceram fora da onda dominante de histórias de reencarnação. O foco permanece na jornada autêntica dentro de um cenário magistralmente construído.
Analista de Anime Japonês
Especialista em produção e elenco de animes e filmes japoneses originais. Possui vasta experiência em cobrir anúncios de elenco, equipe técnica e trilhas sonoras de produções de nicho, focando na precisão dos detalhes da indústria.