A questão do antagonista ideal em kimetsu no yaiba: Por que kokushibo surge como alternativa intrigante a muzan kibutsuji

A busca por um vilão principal em Kimetsu no Yaiba que ofereça um arco dramático mais profundo que Muzan resgata a figura de Kokushibo.

An
Analista de Mangá Shounen

18/11/2025 às 10:34

29 visualizações 5 min de leitura
Compartilhar:
A questão do antagonista ideal em kimetsu no yaiba: Por que kokushibo surge como alternativa intrigante a muzan kibutsuji

A narrativa central de Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) é intrinsecamente ligada à figura de Muzan Kibutsuji, o progenitor dos demônios e o alvo principal de Tanjiro Kamado. Contudo, a complexidade dos vilões da obra sugere a possibilidade de outros personagens assumirem um papel central de antagonista, oferecendo reviravoltas dramáticas distintas.

Uma análise aprofundada do elenco de antagonistas aponta para Kokushibo, a Lua Superior Um, como um candidato naturalmente superior em termos de potencial dramático se ele substituísse Muzan como o grande mal a ser confrontado. A atratividade de Kokushibo reside profundamente em sua conexão pessoal e histórica com a família Kamado e, mais especificamente, com Yoriichi Tsugikuni.

A sombra da linhagem: O peso da relação com Yoriichi

Kokushibo é irmão gêmeo de Yoriichi, o caçador de demônios mais poderoso que já existiu e criador da técnica original Respiração do Sol. Essa relação fraternal e o consequente ciúme e sentimento de fracasso que consumiram Kokushibo ao longo dos séculos formam a base de seu tormento. Transformar Kokushibo no antagonista principal mudaria o foco da luta:

  • Conflito Pessoal vs. Institucional: Enquanto Muzan representa o mal arquetípico e sua sobrevivência egoísta, Kokushibo representaria a tragédia pessoal, a luta contra a inveja, o desespero e o fracasso em alcançar a glória familiar.
  • Profundidade Retrospectiva: Sua longa história como um dos primeiros demônios criados por Muzan permitiria explorar, em flashbacks detalhados, a ascensão e queda dos caçadores de demônios em um período muito anterior à história de Tanjiro.
  • Alvo do Protagonista: O confronto final não seria apenas sobre matar o rei demônio, mas sobre redimir um homem que se perdeu devido à sombra de seu irmão, um reflexo sombrio do próprio legado de Tanjiro com seu pai, Tanjuro.

A jornada de Kokushibo, marcada pela obsessão em transcender Yoriichi e dominar formas avançadas de esgrima, já é rica em nuances. Se ele fosse o foco central antes da ascensão de Muzan como ameaça final, a série ganharia uma camada de tragédia shakespeariana, comum em narrativas japonesas clássicas que abordam honra e rivalidade familiar.

O papel de Muzan e a escala da ameaça

Muzan Kibutsuji funciona perfeitamente como o inimigo supremo devido à sua natureza primordial e à sua capacidade de moldar a ameaça demoníaca como uma instituição. Ele é a doença, o medo, o mal absoluto que deve ser erradicado para que a humanidade possa viver em paz. Sua eliminação é o objetivo claro e fundamental para o fim da era dos demônios.

Porém, a sugestão de colocar Kokushibo no centro do palco explora o argumento de que um antagonista com conexões emocionais profundas, mesmo que desvirtuadas pelo poder demoníaco, pode gerar um impacto narrativo mais ressonante com os leitores. A batalha contra Kokushibo, vista no mangá, já demonstrou ser um dos clímax emocionais mais intensos da obra, devido ao respeito mútuo e à dor latente entre ele e o legado de Yoriichi Tsugikuni.

Ambos os personagens oferecem caminhos viáveis para o clímax de uma saga de caça a demônios, mas a profundidade psicológica do irmão de Yoriichi continua a oferecer um ponto de debate fascinante sobre o que define a verdadeira força de um vilão de uma obra de ficção épica.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.